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Cultura

Óscares 2021. “Nomadland” é o retrato de uma América escondida. Docuficção à beira de vencer Melhor Filme

“Nomadland — Sobreviver na América”, com uma interpretação notável de Frances McDormand, é o grande favorito nos Óscares deste ano. Tem sido dado quase como certo na categoria de Melhor Filme. Está nomeado para outros cinco

Frances McDormand em "Nomadland — Sobreviver na América", de Chloé Zhao

A história de “Nomadland” é a odisseia de uma geração de sexagenários e septuagenários americanos que trabalharam como operários uma vida inteira e se descobriram numa situação social absolutamente insustentável a partir do crash económico de 2008 — e assim continuam até aos nossos dias. Impossibilitados de manter uma casa em condições normais e de suportar uma renda, estes guerreiros da classe média já com cabelos grisalhos, muitos sem reforma, outros com pensões de miséria, tornaram-se então nómadas a deambularem pelo território americano estrada fora, formando com as suas autocaravanas e camionetas improvisadas uma ‘nova tribo’ que se tornou caso de estudo — e que embaraça, afinal, as estruturas socioeconómicas do país.

“Nomadland” é um retrato profundo e muito sério deste fenómeno social recente nos Estados Unidos. Já com idade para serem avós, os heróis do filme são homens e mulheres que vão sobrevivendo aqui e ali de trabalhos sazonais em armazéns, bares e restaurantes, ganhando nalguns casos à jorna, como acontecia nos primórdios da Revolução Industrial.