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Cultura

Liberdade condicional para os livros

Livrarias fechadas representam 74% das vendas totais. Grandes superfícies vendem €33,6 milhões

RUI DUARTE SILVA

É possível imaginar que os super e hipermercados possam vender medicamentos e as farmácias não? A pergunta surge certeira da boca de José Pinho, livreiro independente há mais de duas décadas, um dos sócios da Ler Devagar. Pinho questiona “o absurdo” do decreto do Governo que autoriza, desde segunda-feira, a venda de livros nos espaços que podem estar abertos ao público durante o atual confinamento e que exclui as livrarias que só vendam livros. Papelarias, tabacarias, lojas dos CTT, supermercados e hipermercados avançam assim mais sobre o mercado do livro, já de si muito debilitado.

“O poder económico manda na cultura e no livro”, continua o livreiro, sublinhando que não são as grandes superfícies de venda a retalho que “contribuem maioritariamente com a venda desse bem, mas sim as livrarias que passam a deixar de ter o número de vendas que precisam para sobreviver”.