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Chegou “Normal People”, a série que vai fazer com que nos apaixonemos outra vez

A série romântica irlandesa, já nomeada para quatro Emmys e sucesso de público e crítica, chegou esta semana à HBO Portugal. Tem sexo, muito sexo. E um amor desencontrado entre dois jovens magnéticos: Marianne e Connell

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Ficcionar vidas comuns, descrevê-las, dar-lhes vida. Mostrar como o interior e o exterior de alguém pode ser diferente, às vezes inverso. Aos 29 anos, a autora-sensação irlandesa Sally Rooney sabe fazê-lo como poucos ainda o demonstraram na sua geração. Mas o que foi força nas páginas de “Pessoas Normais” (editado em Portugal pela Relógio D’Água) — o “Guardian” apelidou-o de fenómeno literário da década e apontou-o à categoria de “futuro clássico” — podia rapidamente tornar-se fraqueza ao transformar a história de Marianne e Connell em série de televisão. Algo que tantas vezes já aconteceu. Os mal-entendidos, desencontros de pensamento e meias palavras que fazem parte do romance — que retrata o fim da adolescência e o início da idade adulta de um casal — corriam o risco de perder-se entre as muitas chávenas de chá que acompanham a narrativa.

É que Sally aborda, não raras vezes, o lado íntimo e silencioso de cada um dos dois protagonistas, só que a ficção televisiva tem dificuldade em compadecer-se com isso. Faz-se de ações e não de pensamentos, e esse desafio acabou tomado como missão, com a ajuda da coargumentista Alice Birch. Teriam de garantir uma série que explorasse mais do que uma história de amor, isso seria banal e estava ao alcance de uma comédia romântica. Era preciso levar os telespectadores a entrar num nível mais profundo de compreensão das personagens, de envolvê-los neste drama amoroso e de fazê-los entender o efeito que cada um tem na vida do outro.