Se Bernie Sanders é o político com quem o Occupy Wall Street sonhou, Thomas Piketty é o mais próximo que temos do grande teórico da nossa era da desigualdade (e do populismo e da disfunção política que ela produziu). “O Capital no Século XXI”, que saiu em França em 2013 e nos EUA seis meses depois [a edição portuguesa é de 2014] foi o maior best-seller de sempre da Harvard University Press, apesar de ter umas quase 700 páginas densas de extensão; conseguiu transformar uma equação abstrata num discurso quase-pop (r>g, a abreviatura de Piketty para o facto de os retornos de capital serem maiores do que o crescimento da economia como um todo) e é agora tema de um documentário surpreendentemente leve com o mesmo nome (onde Piketty é a estrela). Nem todos os dias um economista académico tem uma oportunidade destas. Em 2014, o ex-secretário do Tesouro, Larry Summers, chamou a Piketty uma “estrela de rock”, e a seguir passou o resto da década a discutir com ele. Se “O Capital no Século XXI” era diagnóstico, a sequela de Piketty, “Capital e Ideologia”, mistura história e polémica — casos de estudo da Suécia moderna e da Rússia soviética com um genuíno programa político para ajudar a mitigar, no mínimo, as desigualdades mais cruéis que o livro anterior punha em relevo. Saiu nos EUA a 10 de março, justamente quando a crise do coronavírus rebentava, com todas as suas lições, pelo mundo fora, sobre desigualdade numa pandemia. [Nota: Em Portugal, a Temas e Debates adiou a publicação para a seguir ao verão, precisamente devido à pandemia].
Onde está? Esse apartamento parece ser em Paris.
Sim, estou em Paris neste momento.
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