Cultura

Dentro da Casa há música com distanciamento, lá fora um silêncio une-se em protesto

A Casa da Música volta a abrir as portas ao público para um concerto da Orquestra Barroca, com a Sala Suggia reduzida a 15% da lotação. O espetáculo realiza-se às 19h30, mas meia hora antes, lá fora, ecoará um ruidoso silêncio dos trabalhadores, em protesto contra os incumprimentos salariais

D.R.

A cultura desconfina e a Casa da Música reabre as portas esta segunda-feira, pelas 19h30, com a Sala Suggia a servir de palco para um concerto da Orquestra Barroca. Noutros tempos, 1.200 pessoas poderiam assistir ao espetáculo, mas neste novo normal apenas 200 vão ter lugar. A lotação da emblemática sala da Invicta sofre uma redução de 85%, mas à porta, onde a música é outra, muitos vão provocar um silêncio ruidoso, afinado em uníssono, para que a administração ouça as suas queixas. Um grupo de precários — a recibos verdes — convocou uma vigília, em sinal de protesto contra o incuprimento no pagamento aos trabalhadores, aos quais se juntam colaboradores de Serralves que partilham as mesmas dificuldades.

“O silêncio a que os diretores e o Conselho de Administração se remetem só pode ser condenado: não há respostas, não há consideração, não há respeito”, enfatizam os 92 signatários que, em abril, tornaram pública a situação e para os quais “calar não é opção”.

Denunciam igualmente que “diretores e coordenadores da Fundação contactaram individualmente muitos trabalhadores que subscreveram o abaixo-assinado de abril, num processo inimaginável em democracia”. Em comunicado, o grupo dá conta de que “alguns já sofrem retaliações — nomeadamente os técnicos que não estão a ser chamados nesta retoma de atividade por terem denunciado as péssimas condições em que trabalham e o regime ilegal de falsos recibos verdes”.

De acordo com os manifestantes, “continua a haver assistentes de sala e guias da Casa da Música a zeros desde o encerramento” a 12 de março e “técnicos que nada receberam pelos trabalhos cancelados a partir de abril”, além de “múltiplas situações de falsos recibos verdes que não são corrigidas”.