Cultura

À flor da pele

Euphoria” é a mais recente aposta da HBO Portugal. A série, centrada numa adolescente toxicodependente, promete ser o retrato de uma nova geração. Estreia-se segunda-feira em streaming

Zendaya interpreta Rue, uma adolescente com uma saúde mental instável que luta contra a toxicodependência

Redes sociais usadas ao limite, pornografia online sem tabus e drogas acessíveis a todos. É assim “Euphoria”, o retrato da adolescência nos Estados Unidos que promete fazer aquecer o debate em torno da forma como as novas gerações estão a crescer. E que vai trazer novas pistas sobre o que realmente fazem (ou não) os mais jovens. “É sobre a vida”, como responde a protagonista ao crescendo número de fãs de uma série que ainda nem sequer estreou e que já está a captar a atenção daqueles que vivem os mesmos dramas das personagens apresentadas.

A estratégia de mostrar pequenos teasersdo que se pode esperar da produção parece estar a resultar. “Euphoria” faz parte do leque de apostas da HBO para o verão — junta-se por exemplo a “Big Little Lies” nesta fase pós “A Guerra dos Tronos” do canal — e promete cativar um público jovem para a plataforma de streaming. Ou para o canal de televisão, em alguns mercados onde o gigante do entretenimento se apresenta na TV linear.

Em causa está uma série que poder ser olhada como uma versão contemporânea (e possivelmente ainda mais radical) de “Skins” (Channel 4/MTV), que teve na sua versão original britânica os melhores resultados. Mesmo que, em boa verdade, a base de “Euphoria” seja até uma série israelita de sucesso, baseada em factos verídicos. No entanto, a decisão de apostar nesta produção pode ter outra explicação. É também uma forma de responder a títulos como “Elite” ou “Por Treze Razões”, que têm feito sucesso na concorrência mais direta da Netflix.

ADEUS AO MUNDO ENCANTADO

“Euphoria” não é apenas isso. É ainda o grande momento de mudança na carreira da atriz principal. Zendaya começou cedo no mundo do espetáculo, e fê-lo com sucesso no universo Disney, razão pela qual precisava de reinventar-se depois da infância e adolescência. Coprotagonizou a série “Shake it Up” no Disney Channel, programa onde interpretava Rocky Blue ao lado de Bella Thorne (que dava vida a CeCe Jones), e foi a Agente K.C. da série homónima (onde era estudante de liceu e agente sob disfarce), mas agora era tempo de apostar em algo completamente diferente.

A ideia é fazer uma transição menos atribulada da protagonizada por outras estrelas, de que Miley Cyrus é o exemplo maior (mas que é seguida de perto por Bella Thorne), e Zendaya está a traçar o seu caminho. Depois de se apresentar no cinema em “Homem-Aranha: Regresso a Casa” e ter gravado a sequela “Longe de Casa” (com estreia em sala marcada para 4 de julho em Portugal), somando ainda participações em diversas curtas-metragens, é na personagem Rue Bennett que agora se centra.

“Z”, como todos lhe chamavam na produção de “Euphoria”, construiu uma personagem que tanto vive momentos de extrema força como cai num abismo do qual não sabe como sair. É próprio de alguém como Rue, que luta contra a toxicodependência aos 17 anos, ao mesmo tempo que tem de enfrentar os problemas próprios da adolescência e uma saúde mental instável.

A Zendaya juntam-se nomes como o de Austin Abrams (no papel de Ethan), Alexa Demie (Maddy Perez), Jacob Elordi (Nate Jacobs), Nika King (Leslie), Algee Smith (Chris McKay), Sydney Sweeney (Cassie Howard) ou Storm Reid (Gia Bennett). Mas se esta tem sido a companhia de Zendaya nos últimos meses — o grupo tornou-se bastante próximo durante a rodagem da série de oito episódios —, houve outra personalidade a influenciar o rumo de Zendaya na produção.

O rapper canadiano Drake é um dos principais produtores executivos de “Euphoria”, que foi produzida em parceria com a A24. Ambos têm já outros projetos. Se o músico garantiu que a sua série documental “Ready for War”, sobre veteranos de guerra norte-americanos, será produzida pelo Showtime, a produtora A24 foi mais longe e conseguiu uma parceria que lhe garante um poder maior no meio. Assinaram um acordo com a Apple, no final do ano passado, para a produção de conteúdos para o serviço de streaming Apple TV +. E essa é uma prova de confiança ao alcance de poucos.

Com assinatura de Sam Levinson (de “Assassination Nation”), que escreveu o argumento e assume o cargo de showrunner na produção — o filho do também realizador Barry Levinson colou parte da sua experiência como toxicodependente na série —, “Euphoria” tem estreia marcada para segunda-feira na HBO Portugal. Até ao fecho da edição não foi confirmada a produção de novos episódios.