É certo que o culto mariano anima os católicos no mês de Maio de forma especial, sendo que na Póvoa de Varzim, o Arciprestado Póvoa de Varzim/Vila do Conde e municípios vizinhos dedicam especialmente as suas preces à Nossa Senhora da Saúde, marcando também o dia 13 de Maio, dia em que se celebram as aparições em Fátima, ao transporte do andor da Senhora da Saúde desde Laúndos até à Póvoa de Varzim. A tradição manda que o cortejo comece ao fim do dia e as pessoas vão aguardando ao longo da estrada nacional para atirar pétalas de flores à imagem, que é transportada num carro de Bombeiros.
A imagem e o andor encontram-se em veneração na Igreja Matriz da Póvoa desde o dia 13. O andor fica em lugar de destaque na Igreja Matriz, que, de acordo com o Prior António Torres, se transforma nestas duas semanas num "verdadeiro Santuário de oração e devoção pela Senhora da Saúde". São muitos os fiéis que aí acorrem para rezar e prepararem a sua reflexão para o dia em que vão fazer os 7 quilómetros a pé para homenagear a sua "Mãe e Salvadora", como referem muitos fiéis. São várias as pessoas que, no dia 13, nos foram revelando que "a Senhora" lhes "tem valido muito, é a Protectora, mais que uma Mãe".As cerimónias do mês de Maria, com as novenas à Sra. da Saúde, têm lugar às 18h30 e ainda às 21h30, de Segunda a sexta-feira.
No próximo Domingo, dia 29, a imagem da Senhora da Saúde vai voltar para o seu lugar e será transportada para Laúndos, numa peregrinação que arrasta muitos milhares de fiéis. De acordo com a organização, no ano passado, estimaram-se em 30 mil, os peregrinos que acorreram a Laúndos para prestar a sua fé perante a Senhora da Saúde. Uma acção que já se realiza há 65 anos, tendo sido iniciada pelo Monsenhor Pires Quesado.
Muitas horas sem dormir e muitos voluntários
Domingos Bouça Nova assumiu as funções de Juiz da Confraria da Senhora da Saúde de Laúndos em Janeiro deste ano, embora resida na freguesia de Laúndos há seis anos. Sucede a um Juiz com muita experiência e que esteve mais de duas décadas à frente da instituição, no entanto, explicou "saiu do cargo por motivos pessoais e os restantes elementos quiseram que fosse eu a ficar a presidir. Não receei o trabalho, porque somos nove pessoas e trabalhamos sempre como uma verdadeira equipa, para além de que temos muita gente a ajudar-nos".
Na Confraria há trabalho todo o ano, porque depois da Peregrinação há as Festas no Verão, há todo o trabalho de um terreno para administrar e limpar", sublinhou.Apesar de a Confraria, em conjunto com a Paróquia, os Escuteiros e a Cruz Vermelha tudo fazerem no dia da Peregrinação para receberem bem os peregrinos, havendo um trabalho de preparação que dura o ano inteiro, Bouça Nova lembra que "a maioria das acções começam a partir de Sexta-Feira e só termina no Domingo à noite, e nesses dias, não passamos muitas horas em casa. Na Sexta-feira, começamos a fazer o tapete de flores dentro do Santuário e fazemos directa". Para além disso, o tapete no recinto, próximo do altar da missa, é feito "no próprio dia, naquela manhã, frisou, felizmente "contamos com muitas pessoas particulares que se encarregam de realizar esse trabalho".
Estes tapetes de flores são muitos apreciados pelos peregrinos, em particular, o que fica dentro do Santuário. É normal, os fiéis chegarem e fazerem a visita ao interior do Santuário para verem o Tapete, depois rezam o rosário em romaria em volta do templo. O tapete que é feito dentro da Igreja tem à volta de 30 metros quadrados, sendo que este ano o lema que inspira os motivos do desenho é a beatificação do Papa João Paulo II. De resto, os painéis que se vão vendo ao longo da Avenida da Senhora da Saúde, à entrada da freguesia, estampam uma imagem do agora beato.
Peregrinação com mais divulgação e um crescimento proporcional
Domingos Bouça Nova tem apreciado o crescimento desta manifestação religiosa, referindo que, a cada ano que passa, parece "que vem mais gente e o curioso é que aparecem pessoas de todas as idades, incluindo jovens e mesmo crianças pequenas. Muitas vêm acompanhadas pelos pais e também começam a sentir desde muito cedo esta fé e vão cumprindo a tradição de vir a pé a Laúndos, todos os anos". Isso é também importante para o engrandecimento desta Peregrinação, considerou o Juiz da Confraria, que também reconheceu o grande "contributo que a comunicação social tem dado à divulgação desta manifestação de fé". Há muitos anos, que "há pessoas que vinham a Laúndos e mantinham a tradição, mas à medida que esta foi sendo cada vez mais divulgada, vem aparecendo cada vez mais pessoas e de muitos concelhos vizinhos. Não são apenas os poveiros que têm fé na Senhora da Saúde".
Para Domingos Bouça Nova, o facto de a Saúde ser um bem tão precioso, "faz com que muita gente se agarre a esta fé". Exemplo disso é "os ex-votos em cera que a Confraria tem à venda na Casa das Almas. O Juiz da Confraria refere que as pessoas prometem devido a males diversos, já que são comprados em cera, desde "olhos, ouvidos, cabeças, estômagos, pernas, pés, enfim, é muito variado o tipo de ex-votos que são adquiridos".O Juiz da Confraria concorda com a medida que foi tomada há alguns anos a esta parte de proibir a venda ambulante ao longo do percurso na Av. da Senhora da Saúde e no recinto da missa. É sentimento geral na Confraria e na Paróquia que esta peregrinação tem que ser apenas um acto religioso e respeitado pelos que têm fé e estão a fazer o sacrifício de andar 7 quilómetros a pé (quem vai da Póvoa de Varzim a Laúndos).
De acordo com este responsável, "não fazia qualquer sentido estarem as pessoas a passar para a missa campal e estarem de lado vendedores ambulantes, "por vezes, com música alta e menos própria".
Peregrinação
O próximo Domingo, 29 de Maio, as cerimónias terão início às 7h30 com uma missa na Igreja Matriz, sendo que às 9h00 dá-se a saída da Grande Peregrinação à Senhora da Saúde. Percorridos os sete quilómetros e chegados a Laúndos, ao recinto do Santuário da Senhora da Saúde, celebra-se a Eucaristia do Peregrino, este ano presidida por D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz. Às 16h00 terá lugar a Oração da Tarde e, já no final, o Adeus a Nossa Senhora.
Com mais de três dezenas de milhar de fiéis a percorrerem os sete quilómetros que separam estas igrejas, a peregrinação conta entre os seus devotos com uma grande parte de pagadores de promessas, principalmente pescadores da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde. Os tripulantes da embarcação Senhora da Saúde costumam ser os homens que carregam, habitualmente, o andor da Senhora ao longo do caminho.