Leonilde Monteiro, de 73 anos, não ganhou para o susto quando viu a sua residência, localizada no Bairro Camarário, em Vila Real de Santo António, ser invadida por elementos da Investigação Criminal da GNR, que lhe apontaram uma arma à cabeça e lhe deram ordem para se deitar no chão.
"Estava a apanhar um copo para beber água e ouvi um grande estrondo. Em segundos já tinha uma arma apontada à cabeça e alguém a dizer-me para me deitar no chão. Não me deitei, sentei-me e foi aí que vi um dos meus filhos a ser algemado, no chão", conta a idosa que, pouco depois, teve de receber assistência hospitalar devido a problemas cardíacos.
"Estamos na casa errada!"
Ao mesmo tempo, os dois filhos, que residem com Leonilde, eram algemados nos respetivos quartos e obrigados a permanecer deitados no chão. Entretanto, uma vizinha terá alertado os elementos da GNR que tinham ficado na rua para o facto de estarem na casa errada.
"Passados dois ou três minutos ouvi um deles dizer: 'Enganámo-nos na família. Estamos na casa errada'", recorda Leonilde Monteiro.
A GNR avançou, então, para a casa correta, onde acabou por levar a cabo a operação, enquanto Leonilde Monteiro era transportada de ambulância até ao hospital. Um dos filhos ficou "esquecido" no quarto e algemado.
"Estive algemado no chão mais de 10 minutos. Só se lembraram de mim depois de concluir a operação no outro apartamento. Provavelmente porque alguém achou falta das algemas", conta, com alguma ironia, Tomás Monteiro.
Autoridades pedem desculpa
Os responsáveis pela operação deslocaram-se posteriormente ao hospital, para pedir desculpas e saber acerca do estado de saúde da idosa.
"Foram ao hospital pedir desculpa... mas aquela situação foi como um pesadelo que nunca mais me sairá da cabeça", diz Leonilde Monteiro, acrescentando que a GNR tomou nota dos estragos que tinham feito na sua casa. "Se não fosse aquela vizinha não sei onde teria chegado a situação. Mesmo assim, partiram-me uma porta e uma fechadura. Depois colocaram uma fechadura e disseram que iriam repor a porta destruída", acrescenta.
"Não tinham mandado de busca para a minha casa, mas entraram. Só não partiram mais portas porque as restantes estavam abertas. E não há mais estragos, porque a vizinha alertou para o engano", reforça Tomás Monteiro, acrescentando que os enganos "envolveram mais duas casas do mesmo bairro".
Operação bem sucedida, apesar do engano
Tal como o Jornal do Algarve já tinha noticiado na edição anterior, a operação, levada a cabo em Vila Real de Santo António, Monte Gordo e Olhão, resultou na detenção de quatro indivíduos, com idades compreendidas entre os 29 e os 41 anos, por suspeita de tráfico de droga.
De acordo com a GNR, as investigações desenrolavam-se há cerca de seis meses e culminaram com o cumprimento de mandados de buscas domiciliárias a oito residências daquelas três localidades e a quatro veículos. As autoridades apreenderam 600 doses de heroína e 130 de haxixe, bem como 1.325 euros, dois automóveis, telemóveis e diverso material de corte, acondicionamento, embalagem e distribuição de droga.
A GNR acredita ter desmantelado "um dos principais pontos de abastecimento de heroína do concelho de Vila Real de Santo António".
(mais informação em www.jornaldoalgarve.pt)