Reunião Geral de Alunos

Pensar o nosso país: O que fazer da Educação Portuguesa?

João Monteiro Silva (Curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto)

É uma pergunta de difícil solução. Como resolver o nosso problema de falta de qualificação sem massificarmos administrativamente as competências e esbarrar-nos sistematicamente com indivíduos que mal sabendo ler ou escrever se outorgam a si próprios um diploma do 12º ano. Não é fácil mas tem solução.

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O país deve perceber que as pessoas não se medem pelo número de anos que andam na escola nem as competências são proporcionais ao tamanho dos canudos universitários. Um terço das competências adquiridas na Universidade poderiam facilmente ser adquiridas no Ensino Profissional e outro terço não servem os interesses dos próprios estudantes, o que equivale a dizer que correspondem a cursos que só servem as Universidades e os interesses dos seus Reitores que recebem tanto mais dinheiro quanto mais alunos estiverem inscritos.

Em Portugal cometemos um erro terrível que passou por adotar um sistema educativo nórdico a uma população latina. Fiasco. Os nórdicos e anglo-saxónicos são por natureza metódicos, rigorosos e, sobretudo, competitivos. Já os latinos são naturalmente pouco rigorosos e laxistas na forma de encarar a vida e os problemas. Temos várias qualidades mas temos esses terríveis defeitos. Daí precisarmos muitas vezes de um verdadeiro estímulo e objetivo para trabalhar melhor. E quando nos dizem que estudando ou fazendo sorna o resultado passa sempre por passar de ano, então está-nos na massa do sangue fazer sorna. Os nórdicos e americanos, pelo contrário, esfolar-se-ão a trabalhar na esperança de que os outros trabalhem menos para assim serem mais ricos do que eles.

Daí a responsabilidade do Estado nesta matéria. O Estado, como garante primário da educação, deve ser rigoroso, metódico, exigente porque só dessa forma, num país latino, as pessoas também o serão. É um raciocínio linear, que pode funcionar mal na sociedade, mas a verdade é que os raciocínios simples são sempre os mais verdadeiros. Como em tudo, na vida, na educação ou na política, quando começamos a complicar, perdemo-nos.

Parta-se deste princípio e seremos todos melhores. Uns melhores agricultores e juízes, outros melhores operários fabris ou médicos. Porque cada um poderá desenvolver os seus talentos e não ser forçado a desenvolver aqueles que nunca teve ou terá.

E viveremos mais felizes, num mundo mais real e seremos, porventura, todos muito mais ricos.