Reunião Geral de Alunos

O que esperar da Educação e do novo Sr. Ministro?

João Monteiro Silva (Curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto)

Que faça uma revolução mas naquilo que é essencial fazer revoluções! Não uma revolução organizacional mas uma revolução programática com repercussão no grau de exigência do ensino. Isto na Educação, nas escolas primárias, básicas e secundárias.

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Arrumar o assunto polémico e inócuo da avaliação dos professores para que o país se concentre no essencial. Como valorizar quem é excelente, potenciar quem é bom e criar nos assim-assim um formigueiro insuportável que não os faça descansar enquanto não forem melhores que os muito bons? Isto é o essencial da Educação. Formar gente com conhecimentos, capacidades e com verticalidade moral. O resto é folclore.

E será esse o grande desafio que se colocará ao Prof. Dr. Nuno Crato. Que é nada mais nada menos do que um desafio gigantesco. Porque terá de ultrapassar, desde logo, um sindicalismo bolchevique que se julga no direito de atrasar o desenvolvimento do país em nome de uma proteção fantasiosa dos direitos dos professores. Mas sobretudo, porque terá de ultrapassar uma crença que se instalou nos últimos anos no ensino português de que não são necessárias grandes competências nem conhecimentos para se alcançarem resultados excelentes - de que as Novas Oportunidades são o expoente máximo.

Todavia é possível vencer este desafio. Desde logo com uma medida muito simples mas com um efeito potencial profundo em toda a organização e vocação do ensino. Tornar o acesso ao Ensino Superior matéria das próprias Universidades, ou seja, deixar as Universidades escolherem os seus próprios alunos mediante exames de seleção elaborados por estas.

Isto tornaria, a meu ver, o Ensino Básico e Secundário numa ferramenta e não num fim em si mesmo. Num lugar onde se acumula e sedimenta conhecimento e não num ciclo vicioso de 'aprender, estudar e escarrar' que a longo prazo se torna bastante menos rentável. É uma opção de fundo, corajosa e de rutura mas parece-me que seria bem-vinda ao Ensino e à Educação portuguesa.