Margaret Thatcher posa (inesperadamente para mim, pois eu não "deveria" estar naquele local) para esta foto com Mikhail Gorbachev, horas antes de terminar os seus dias como primeira-ministra da Grã-Bretanha. O seu sorriso distante e preocupado deixava adivinhar as notícias (más) que vinham de Inglaterra, onde se efectuava o Congresso do Partido Conservador.
Após 11 anos de governo forte, que mudaram a Inglaterra e a tirou da crise, Thatcher, numa demonstração de desapego ao poder, demitiu-se por o partido não lhe dar a maioria de votos que seriam necessários para continuar à frente dos "Tories" (Conservadores). Na manhã de 22, os britânicos eram informados da decisão de Thatcher, que num comunicado dizia: "As causas da unidade partidária e de uma vitória conservadora nas próximas eleições-gerais serão melhor servidas se eu me afastar..."
A Dama-de-Ferro, como ficou conhecida pela sua forma de governar, participava na Conferência de Segurança e Cooperação Europeias (CSCE), em Paris, e não imaginava que este seria o último acto público a que assistiria como primeira-ministra, juntamente com o homem do momento, Gorbachev, mas também George Bush (pai), François Mitterrand, Cavaco Silva, e muitos outros.
A reunião de Paris, para além deste importante incidente político, ditou o fim do Pacto de Varsóvia, que, "juntamente" com a NATO, dividiu a Europa em dois blocos político-militares. John Major, um discípulo de Thatcher, ganharia o Congresso e seria eleito primeiro-ministro.
Texto publicado na edição do Expresso de 14 de Novembro de 2009