Não tem formação académica mas acumula no curriculum vários ofícios: vigilante de museu, comissário de pista num kartódromo onde "acenava as bandeirinhas", padeiro na padaria dos avós, porteiro de hotel, ajudante de cargas e descargas de uma conhecida marca de roupa.
Actualmente não tem emprego a não ser o de escrever: "escrevo e não escrevo poesia a tempo inteiro."
Não planeou ser poeta e explica que a vontade de escrever versos apareceu já depois dos 20 anos quando conheceu a poesia de João Miguel Fernandes Jorge: "Era tão diferente de tudo o que tinha lido. Comecei por tentar imitá-lo."
Ainda adolescente, lia os livros do Círculo de Leitores que iam aparecendo na estante da casa dos pais. Andou às voltas com a poesia de Alexandre O´Neill durante cerca de 3 anos: "lia-o sem o entender, e voltava ao livro várias vezes. Finalmente, deixei de precisar de perceber." Das primeiras leituras poéticas recorda também Alberto Caeiro, heterónimo de Fernado Pessoa, e Rui Knopfli.
Desde 2008 publicou oito livros de poesia, vários em edições de autor. Explica que não tem nada contra os editores mas que não quis submeter-se à deliberação de terceiros para saber devia ou não publicar.
O primeiro livro chama-se "Contra a Manhã Burra". Quando o teve na mão enviou-o ao poeta Manuel de Freitas porque "gostava da poesia dele; tinha uma voz muito diferente do que se fazia na altura. Falava de charros e de tabernas."
A resposta chegou por email. Manuel de Freitas iria escrever sobre o livro para o Expresso.
Nas semanas seguintes, Miguel Manso comprou religiosamente o jornal à espera do veredicto. Quando, finalmente, a crítica saiu estava de férias com os pais no Algarve. "Ele deu-me quatro estrelas e não havia um único livro à venda numa livraria. Tive que vir a correr para Lisboa para o distribuir."
"Contra a Manhã Burra" teve várias edições e vendeu quase 800 exemplares, coisa rara no mercado editorial de poesia, ainda mais tratando-se de uma estreia.
Depois do primeiro livro, publicou mais sete.
Há uns meses deixou o bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, e mudou-se para uma aldeia do Concelho da Sertã: "Sair de Lisboa é poder continuar a escrever poesia."
O texto de Fernando Assis Pacheco que escolheu para ser lido aqui "podia ser uma despedida deste bairro" onde viveu 14 anos.
Actualmente está empenhado em recuperar a casa dos bisavós, onde vive com a namorada e uma criança de 8 anos, e a que chama "Casa do Gigante" para resgatar a alcunha do bisavô.
Além de escrever poesia, mantém uma horta biológica com cebolas, alfaces, courgetes, pimentos e bróculos, e inspecciona diariamente a capoeira onde vivem 5 galinhas e um galo, em busca de ovos matutinos.
Tem uma gata e um cão.
Está a preparar um livro para sair na primavera de 2015.