A residência do embaixador francês em Nova Iorque acaba de ser posta à venda por 48 milhões de dólares. Sendo uma propriedade de luxo numa zona selecta de Manhattan, o preço não espantou quem trabalha no mercado. Mas 48 milhões?!

Houve tempo, há não muito tempo, em que pedir 7 ou 8 milhões por uma penthouse na 5a avenida, próximo de onde vivia Jackie Onassis, ainda fazia manchete. Nos últimos anos, com a grande afluência de bilionários à cidade (em parte estimulados por um mayor, Michael Bloomberg, que era ele próprio bilionário) os preços ficaram estratoesféricos.

Em paralelo, agravou-se bastante a falta de habitações acessíveis para a classe média. Quanto às pessoas com baixos rendimentos, já nem se põe a questão.

Progresso económico que beneficia só uma pequena minoria. Desigualdade crescente, acompanhada pelo extremar da segregação socio-económica nas cidades - tudo tendências que nos são familiares, ao nosso nível. Como é a de os governos, em nome da austeridade, porem à venda os seus activos de maior valor. Quem diz empresas que prestam serviços públicos essenciais, diz um apartamento junto ao Central Park.

Para um governante voltar a jantar lá, teria de ser convidado por um plutocrata seu amigo que o comprasse. Talvez um russo, ou um angolano, ou um chinês. Nada é impossível quando o coração é gold.