Do outro mundo

Metade dos jovens espanhóis aceitaria qualquer trabalho, fosse qual fosse o ordenado

Luis M. Faria

Metade dos jovens com idades entre 18 e 24 anos aceitaria qualquer trabalho que lhes oferecessem. Qualquer um, independentemente do lugar e do ordenado. É a conclusão de uma sondagem que acaba de ser publicada em Espanha.

Realizada com um universo de inquiridos relativamente amplo - mil entrevistas - a sondagem é um catálogo da tristeza e falta de esperança dos nossos dias. Os jovens espanhóis dizem que o mais importante é conhecer alguém que lhes arranje emprego. Que os estudos já não garantem nada, e portanto em muitos casos a única solução é continuar a estudar. Que esperam manter-se na dependência dos pais ainda durante muito tempo. E que quase de certeza vão ter de emigrar.

48,6 por cento desses jovens garantem que qualquer trabalho lhes serviria, qualquer que fosse o ordenado. O desemprego em Espanha é oficialmente mais alto do que em Portugal, mas a tristeza não é maior. Até por força do hábito. A nossa tradição emocional é mais achacada. 

Isto dito, parece que continua a haver trabalhos para os quais se diz nunca surgirem candidatos portugueses. Como em Espanha. Embora depois se acuse os emigrantes de tudo e mais alguma coisa. Até de quererem trabalhar...