Do outro mundo

Duas gémeas separadas aos 5 meses vão reencontrar-se aos 77 anos

Há muito tempo

Luis M. Faria

Em 1936, uma mãe solteira deu à luz duas gémeas, Elizabeth e Ann (Patricia). Além do estigma na altura associado a esse tipo de situação, havia dificuldades práticas. A mãe não tinha meios para criar duas filhas.

Ao fim de cinco meses, resolveu dar uma para adopção. Como Elizabeth tinha um pequeno problema nas costas, achou melhor guardá-la consigo. Entregou Ann, e nunca mais soube dela.

Sete décadas depois, a filha de Ann resolveu investigar as origens familiares da mãe, a quem tinham contado que fora adoptada. Descobriu o nome da família, o local de origem, outras circunstâncias - e o facto de que a mãe tivera uma irmã.

Tendo localizado a mulher que podia ser essa pessoa, escreveu-lhe uma carta.

Felizes por terem uma nova companhia 

O texto não era muito longo. Identificava a autora, dava a informação básica sobre o caso, e dizia: estamos a tentar descobrir a origem da família da minha mãe. Parece-nos que a senhora pode ser a Elizabeth Lamb que procuramos. Se for, há muito mais pormenores para lhe contar, e achamos que terá interesse neles.   

Quando leu a carta da sobrinha, Elizabeth ficou emocionada. Ao fim de uns dias houve um telefonema, e a emoção cresceu ainda mais. Ninguém parece ter ficado incomodado com uma descoberta tão tardia. Pelo contrário: ambas as mulheres se dizem felizes por terem agora mais uma companhia.

Para a semana vão encontrar-se pessoalmente, em Los Angeles. É a primeira vez desde há setenta e sete anos. E acontece a muitos quilómetros da cidade britânica de Aldershot, onde as suas histórias tiveram início. Até divergirem.