Aparelho de Estado

Consta que o DN já não tem cronistas de direita

Das propriedades alucinogénicas das filhoses.

Vasco M. Barreto

Por causa da saída de João Miguel Tavares do DN, Rodrigo Moita de Deus acaba de passar um atestado de irrelevância a Maria José Nogueira Pinto, Adriano Moreira, Vasco Graça Moura, João César das Neves, Alberto Gonçalves e Pedro Marques Lopes.

Sendo a direita pela "flexibilidade" no emprego, como se explica esta sensibilidade à saída de João Miguel Tavares? A explicação é multifactorial.

Ter uma coluna de opinião não é um emprego, é um privilégio. A direita sempre defendeu o privilégio vitalício.

Por causa da fase incendiária de Saramago no DN, em 1975, até a saída de um estafeta deste jornal é hoje vista como "purga ideológica".

João Miguel Tavares escreve coisas más sobre José Sócrates e diz-se que o DN é o jornal oficial do governo. Diz-se até que é aquele que recebe mais publicidade do governo, embora seja mentira. Segundo a Marktest, de Janeiro a Setembro de 2009, o governo gastou em publicidade 4,4 milhões de euros no Correio da Manhã, 2,4 no Jornal de Notícias, 1 milhão no DN, 876 mil no Público e 54 mil no 24 Horas. Cruzando estes dados com as tiragens, os únicos jornais que terão eventualmente razão de queixa são o Jornal de Notícias e o 24 Horas e não se topa um favorecimento óbvio do DN.

Goza de alguma popularidade, à direita e também à esquerda, a tese de que os jornais devem definir claramente a sua orientação política. Como Portugal é um país que preza a estabilidade, não é de excluir a hipótese de que alguns dos defensores desta ideia pretendam concretizá-la sem transferências de colunistas na imprensa, apostando antes na reeducação ideológica dos colunistas de cada redacção que estiverem em minoria.

Para quem esteja livre destes delírios e apenas tenha acesso à informação pública, o que houve foi o mercado a funcionar , mas alguma direita tem dificuldade em ver o mercado a funcionar quando não há um patrão e um operário na história - a culpa é do Marx, claro.

Adenda: João Miguel Tavares explica