100 reféns

Kelvin, o rapaz que tramou Paulo Portas

Tiago Mesquita

A verdade de toda esta novela das pensões é que Kelvin não estava nos planos de ninguém. Nem de Jesus, nem do Benfica, nem de Portas. O jovem jogador de dezanove anos do F.C. Porto que, aos 92 minutos de jogo com o Benfica pôs, com um golo de outro planeta, Jesus de joelhos e Portas a coçar a cútis. Isto quando provavelmente já ambos pensavam passar entre os pingos da chuva. Portas dava o aval às medidas que sempre contestou, dava o dito pelo não dito e dava a impressão de que não era nada com ele, distraídos que estariam os supostos seis milhões e a comunicação social com os festejos encarnados. Ainda Kelvin se encontrava a descalçar as chuteiras e já Paulo Portas estaria a pensar como iria descalçar esta bota. As atenções estariam todas sobre si. O Benfica perdeu. Sacana do puto com cabelo à pónei.

Quis desta forma o destino que o Benfica não ganhasse a partida no sábado, nem tão pouco empatasse. Quiseram os deuses do futebol que o Marquês de Pombal não fosse tomado de vermelho e que o domingo provável de ressaca pós-festa do título, ou quase título, passasse a ser um domingo como outro qualquer. Um domingo como o anterior. Domingo em que Paulo Portas se veio armar em Che Guevara do largo do Caldas, apontando armas às medidas que qualquer mente mais esclarecida adivinhava facilmente que ele iria aprovar. Na melhor, e mais conveniente, altura para si. Teve azar. Os planos correram mal no sábado, a comunicação social ficou sem o que fazer e o pontapé de Kelvin fez cair finalmente a máscara de Portas.

E assim, enquanto nascia um ídolo para os adeptos do Porto, começava a contagem decrescente para a descida das pensões. E por muito que tantos apregoem agora que "apenas em último caso" tomarão as drásticas e insensíveis medidas, estas  são praticamente um dado adquirido, tendo em conta o histórico de mentira, de ilusão e de irresponsabilidade que caracteriza este governo.

Ontem, por lapso, Marques Guedes, ministro da Presidência, chamou a Paulo Portas, ministro de Estado, "líder do maior partido da oposição". Acho que se enganou por defeito. Portas e Passos são ambos líderes da oposição. Oposição ao país. 

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