Passei o fim-de-semana a matutar como é que podemos sair airosamente deste aborrecido caso do Socolari e penso que arranjei uma solução honrosa para todas as partes, que contempla a rápida exportação do brasileiro para o Kosovo.
Como sabem, há duas pedras no sapato do Sócrates na difícil tarefa de presidir à União Europeia que, por força do calendário, lhe caiu em cima dos ombros.
A primeira pedra são realmente duas. Estamos a falar dos gémeos polacos, esses dois pequenos estupores (vejam lá que um destes marmanjões, já não sei se o presidente se o primeiro ministro, ainda não saiu de casa da mãe apesar de já ter ultrapassado o cabo dos 50 anos) que conseguem ser mais chatos e insuportáveis que uma dúzia de Marques Mendes e duas dúzias de Menezes juntas.
Não sei se sabem, mas no outro dia a Fernanda Câncio surpreendeu o Sócrates e o seu Sexta Feira (aka Pedro Silva Pereira), ambos ligeiramente bebidos, a cantarolarem "Se 30 Marques Mendes incomodam muita gente, um gémeo polaco incomoda muito mais/Se 60 Menezes incomodam muita gente, um gémeo polaco incomoda muito mais" e assim por diante.
Ora receio bem que o Scolari não seja de grande serventia para a resolução da dor de cabeça polaca de Sócrates. Não vai a tempo, pois já disputamos os dois jogos com a Polónia (derrota lá, empate cá), sem que o Scolari tenha esmurrado ou insultado um jogador, treinador ou jornalista polaco. O que lá vai, lá vai, ou, como dizem os brasileiros, não vale a pena chorar sobre leite derramado.
A segunda pedra no sapato do nosso aprumado primeiro ministro é a questão do Kosovo, e aí estou em crer que o contributo de Luís Filipe Scolari pode e deve ser inestimável.
O primeiro passo da execução do meu plano passa pela convocação de uma reunião urgente e secreta entre José Sócrates e o presidente sérvio Boris Tadic.
Nesse encontro, o nosso primeiro ministro exporá com detalhe ao presidente sérvio o plano português para fazer abortar definitivamente os ímpetos independentistas dos albaneses do Kosovo, que até agora lutam teimosamente para se emanciparem do jugo de Belgrado, que não está na disposição de perder mais território depois dos eslovenos, croatas, bósnios e montenegrinos se terem posto ao fresco da antiga federação jugoslava.
Scolari é a peça chave do nosso plano para diminuir a tensão nos Balcãs. O casca grossa, deve ser oficialmente cedido por Portugal ao Kosovo, onde será recebido como um herói depois das televisões locais aplainarem o caminho, repetindo incessantemente as imagens do murro dado pelo palerma do brasileiro ao sérvio Dragutinovic.
Lançar as bases de uma futura selecção nacional de futebol do Kosovo é a missão de cobertura ao envio do perigoso agente desestabilizador Scolari.
Na verdade, a missão subversiva desta espécie de protozário consistirá em lançar a desordem entre os habitantes do Kosovo, virando-os uns contra e os outros - mergulhando o pequeno território numa guerra civil, que os fará esquecer dos propósitos independentistas, para gaúdio dos sérvios.
Como já provou nos quatro anos que leva no nosso país, o brasileiro é um mestre na arte de semear a discórdia. Se num país de brandos costumes como o nosso não demorou um ano a por toda a gente desavinda, nos Balcãs, onde o sangue das pessoas ferve, não demorará mais que um par de meses a ficar tudo a ferro e fogo.
Scolari apenas terá de usar o arsenal de armas já testado em Portugal. Ao fim do primeiro mês, já o pequeno território estará irremediavelmente dividido entre Kosovo do Norte e do Sul.
Depois, o conflito será salgado com o cisma religioso derivado do culto na Nossa Senhora do Caravaggio, que o brasileiro logo implantará no território, e apimentado com insultos ordinários e desabridos que Scoalria dirigirá a jornalistas e lideres de opinião locais de ambos os sexos.
Para assegurar o êxito deste plano, Portugal assegurará o pagamento do salário ao brasileiro (a Caixa já se mostrou na disposição de pagar tudo só para se ver livre dele!).
Em contrapartida, Lisboa deve dissuadir Scolari de levar o meu amigo e colega Nicolau para o Kosovo, integrado na sua vasta de equipa de adjuntos.
Jorge Fiel