Ré em causa própria

Carta aos professores dos meus filhos ( também )

Adelina Barradas de Oliveira

"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que,

por cada vilão há um herói,

que por cada egoísta, há também um líder dedicado,

ensine-lhe por favor que por cada inimigo haverá também um amigo,

ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada,

ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória,

afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso,

faça-o maravilhar-se com os livros,

mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu,

as flores do campo, os montes e os vales.



Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa,

ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.

Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros,

ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho,

ensine-o a rir quando esta triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou a pedir muito, mas veja que pode fazer, caro professor."



Abraham Lincoln, 1830 ( dizem que é dele )