Defender Cristina, eu? Aqui não defendo nada, e muito menos ninguém. Eu não chego para tanto. Sabia, óbvio, do apelido de família, mas a ela nem a conheço. Vou até chamá-la Francisca, para que não se pense que estou a escrever sobre a sua pessoa. Não falo do que não conheço. E quem me lê sabe-o. Comento atitudes, atos, ideias, tudo o que me aparece à rede. Hoje aparece-me: "Comporta, o refúgio hippie-chique: Histórias, segredos e memórias da herdade da família Espírito Santo, o destino de férias de elites.", a capa da Revista Expresso de 27 de Julho. É uma reportagem sobre a forma de vida nessa Herdade do concelho de Alcácer do Sal, propriedade da família Espírito Santo.
De arrastão apareceu à minha com-porta a montanha de críticas nas redes sociais - e não só - porque, entre outras coisas, Cristina disse que as suas férias nesse local são como "brincar aos pobrezinhos" e que "o mosquito é o maior amigo da Comporta, porque afasta certo tipo de pessoas". E Cristina pediu desculpa, em público. Desculpa pede-se quando há culpa, certo? Qual é, então , a "culpa" de Francisca?
É que em consequência de tudo isto - eu também estou de férias - Cristina disse no site do Expresso que foi "infeliz" na forma como se expressou, pedindo desculpa pelos seus comentários, assim: "Em relação à frase que me foi atribuída na reportagem da revista do Expresso do passado fim- de-semana, intitulada 'Como se vive no refúgio das elites', gostava de esclarecer que, não obstante considerar que se verificou um inapropriado e descontextualizado aproveitamento das minhas declarações, não posso deixar de admitir que fui infeliz na forma como me expressei. Não penso o que saiu publicado no Expresso, nem me revejo na síntese da declaração que lá vem feita. Por isso peço desculpa a todos a quem ofendi inadvertidamente. Lamento ainda pela polémica em que envolvi a minha família de forma escusada e involuntária."
Mas sabe, Cristina, quem brinca agora são os que no FB gozam as declarações da herdeira de uma das mais abastadas famílias portuguesas; foi mesmo criado um movimento a apelar a que os pobrezinhos invadam a Comporta no próximo dia 10 de Agosto.
O que você quis dizer percebe-se muito bem. Só não percebe quem não quer. Pergunto-lhe: tem a culpa de ter 44 anos? Tem a culpa de ser prima em segundo grau de Ricardo Salgado, do BES? Tem a culpa de ser filha de Kiki e Jorge Espírito Santo? O que a Francisca quis dizer é que ali se vive mais perto da natureza, com mosquitos e tudo: am I right or am I wrong? As suas palavras foram: "vive-se ali num estado mais puro".
Quanto aos mosquitos, conheço famílias pobrezinhas que de tão snobs que são, preferem outro tipo de animal. "Snob" é um conceito que dá pano para mangas. Sabe um coisa Francisca? A inveja faz mal a quem a tem. A emulação só faz bem. Mas são poucos os que sabem distinguir entre estes dois sentimentos morais. Até podia agora citar dois especialistas na matéria, mas já aqui o fiz, a propósito da Kate Moss. E hoje nem preciso. Isto é tão claro como a água: é sempre preciso um bode expiatório! A si não lhe peço desculpa porque não tenho inveja do que tem (de si não sei porque não a conheço). Mas tenho emulação dumas férias num sítio bonito com coisas boas para disfutar! Aliás tenho muita emulação, e de muitas outras coisas e pessoas. E é um sentimento muito bom. Faz-me conhecer melhor e ser ainda mais feliz. E ser melhor pessoa. Para todos.
Adeus Francisca, e, se me permite, poupe as "desculpas". São muito bem vindas se há razões para as pedir. É assim que sei, é assim que faço. Tenho muita estima pelo meu berço, que, por certo não terá sido como o seu. Num aspeto, seguramente não. Noutro, até talvez sim. Berços? Uns falam, outros calam. Gosto de me com-portar.