Venerados pelos Nirvana, considerados uma das maiores bandas do fim dos 80’s, início dos 90’s, os Pixies regressaram a Portugal para marcar hat-trick: apresentar o novo álbum, “The Night the Zombies Came”, 35 anos de “Doolittle”(celebrados no ano passado), e 20 desde que reataram atividade no palco principal do festival Coachella, depois de um hiato de uma década. Esse interregno, longe de ter sido um eclipse, revelou-se decisivo para sedimentar o estatuto de banda de culto. À nossa frente, no Campo Pequeno, em Lisboa, a (já) eterna união improvável de personalidades díspares unidas por afinidades inesperadas como o amor tanto pelos Hüsker Dü como por Peter, Paul & Mary.
A abertura coube aos britânicos The Pale White, trio de indie rock de Newcastle que apresentou temas de “The Big Sad”, lançado no mês anterior. Canções como ‘Nostradamus’ e ‘Final Exit’ prepararam o público para a descarga que se seguiria, e os próprios músicos declararam o privilégio de partilhar o palco com “a nossa banda favorita”.
O vocalista Black Francis, que na maior parte da entretanto abandonada carreira a solo foi Frank Black, entra discretamente, quase tímido, acompanhado por dois membros da sua banda de sempre, Joey Santiago (guitarra) e Dave Lovering (bateria), mas também com uma nova aquisição. Trata-se de Emma Richardson, baixista do grupo desde 2024, que tem uma missão hercúlea: substituir ao mesmo tempo Paz Lenchantin, que deixou a banda no ano passado, e ‘simular’ a fabulosa Kim Deal, alma fundadora e irrecuperável cuja ausência, ainda que atenuada com sucessoras exímias, é sempre notada.