Exclusivo

Blitz

“Não sou a pessoa mais crente do mundo, mas ao escrever em português saiu-me a palavra Deus”: a nova vida de Afonso Rodrigues/Sean Riley

Depois de cinco álbuns à frente de Sean Riley & the Slowriders, Afonso Rodrigues tenta algo novo: escrever canções em português. Em “Areia Branca”, experimenta também uma nova abordagem e outros instrumentos. A BLITZ conversou com o cantor-compositor sobre a estreia a solo, impulsionada pela pandemia e por uma temporada passada em África: “É quando nos afastamos das coisas que temos uma maior objetividade a olhar para elas.”

Afonso Rodrigues
Kid Richards

A pandemia, por lhe ter oferecido mais tempo, e uma temporada fora de Portugal, pelo distanciamento que lhe deu em relação à sua língua mãe, levaram Afonso Rodrigues a concretizar um sonho antigo: o de lançar um disco com canções em português. “Areia Branca”, que preparou com a ajuda de Filipe Costa, seu companheiro nos Sean Riley & the Slowriders, é o resultado desta experiência, na qual se sentiu, a espaços, mais exposto. Falámos com o músico, também conhecido como frontman dos Keep Razors Sharp, sobre a maior coloquialidade da música feita em português nos últimos anos, o papel da ilha do Funchal numa das canções do disco e o biopic do seu herói Bob Dylan - que ainda não sabe se quer ver. Em março, “Areia Branca” chega aos palcos de Lisboa, Porto e Leiria.

Este é o primeiro disco em português, depois de um percurso quase sempre em inglês. É normal causar alguma estranheza no ouvinte?
Eu já estou neste processo há muito tempo. Passei 2024 todo a gravar, e 2023 em composição e arranjos. Mas quando comecei este caminho também era estranho para mim. Fui-me habituando e hoje já nem penso nisso. Mas tinha perfeita consciência de que, quando começasse a lançar músicas em português, principalmente para quem estava familiarizado com o que eu tinha feito antes, iria ser sempre estranho, pelo menos no início.