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BLITZ 2024. Tédio Boys, uma história de sonhos, rock and roll e porrada: “Em Paredes de Coura fomos escoltados por duas carrinhas da GNR”

Entre 1989 e 2000, procuraram acabar, à força de riffs e cacetada farta, com o marasmo da Coimbra onde nasceram. Agraciados agora com um álbum de homenagem, “Coverbilly Psychosis”, aos Tédio Boys não faltam histórias: foram detidos por parar o trânsito em Coimbra, levaram com pedras no Festival de Paredes de Coura, tocaram na festa de aniversário do “monstrinho” Joey Ramone, nos Estados Unidos. “O rock enquanto grupo de amigos dispostos a fazer porcaria”: a história por quem a viveu, numa republicação de um dos artigos que demos a ler em 2024

Os Tédio Boys em 1989/90: André Ribeiro (baixo), Victor Torpedo (guitarra), Toni Fortuna (voz), Paulo Furtado (guitarra). O baterista Kaló juntar-se-ia à banda em 1991
Arquivo BLITZ

O rock n' roll não é feito apenas de histórias. É também feito de mitos, de narrativas cuja veracidade não se consegue comprovar, mas que despertam uma tal crença que não há como não terem acontecido; é feito de fé, de Cristos e de Judas, de mártires e de traidores, é feito do paraíso mas também do macabro. Materialisticamente falando, é feito de guitarras de seis cordas, electricidade e inspiração blues. Romanticamente falando, não dá para descrever o rock n' roll. Os Tédio Boys eram rock n' roll, um dos exemplos máximos do rock n' roll em Portugal, e não dá para os descrever - muito menos se nunca tivermos vivido os tempos em que eles por aí andavam, encafuados em carrinhas, o material todo na traseira, a espalhar canções como ‘Aloha’, ‘Burn Burn Burn’ ou ‘Jungle Rock’ pelos palcos portugueses (e não só, como se sabe).

A sua carreira resultou em quatro álbuns de estúdio, um documentário ("Filhos do Tédio", de 2013), uma exposição fotográfica (em 2023) e uma variada prole: daqui brotaram os Wraygunn, Legendary Tigerman, os Parkinsons, os D3O, os Bunnyranch, os Twist Connection, os Ghost Hunt... E brotou, também, no final de dezembro de 2023, uma compilação de tributo, “Coverbilly Psychosis”, com o selo da Lux Records e onde encontramos não só alguns dos membros dos Tédio Boys como também alguns dos artistas que não escondem a sua condição de fãs do grupo: Dirty Coal Train, The Act-Ups, A Jigsaw, Birds Are Indie, Dr. Frankenstein…