Progressista convicto, o médico António Barge acreditou, uma década antes do 25 de Abril, que a pequena localidade de Vilar de Mouros, perdida no então isolado concelho de Caminha, podia abrir-se ao país através da música. Foi este autêntico visionário que imaginou o festival de Vilar de Mouros, um evento de música que pudesse mostrar mundo à sua terra e a sua terra ao mundo, trazendo gente de fora público e artistas, quebrando dessa forma o isolamento que antes das autoestradas e das modernas vias de comunicação era real e até cultural (eram, afinal de contas, os tempos de chumbo do “orgulhosamente sós”). (Artigo publicado originalmente na BLITZ em 2011, aquando do 40º aniversário do festival; aumentado em 2024.)
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Vilar de Mouros: a história do ‘pai’ dos festivais de verão em Portugal
A 31 de julho de 1971 tinha início o festival Vilar de Mouros, que trouxe a uma pequena aldeia minhota uma figura de primeira linha do pop/rock internacional, Elton John, e a nata da música portuguesa, sob vigilância da polícia política. Neste artigo que republicamos quando a edição de 2024 já decorre, não ficamos apenas pela primeira ‘pedra’ e passamos em revista o historial de um festival que receberia ao longo das décadas seguintes vultos como U2, Bob Dylan, Neil Young ou Sonic Youth