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Primavera Sound Porto: vimos o concerto onde as pulseiras da amizade de Taylor Swift foram morrer

No festival Primavera Sound Porto, que esta quinta-feira teve início no Parque da Cidade do Porto, os australianos Amyl and the Sniffers conseguiram uma proeza rara: o seu punk rock desabrido e frenético reuniu diferentes gerações na plateia, de quase-avós a adiar a reforma a netos frenéticos a pensar em mudar de ‘tribo’. Um festim de eletricidade à flor da pele em cores binárias, não binárias e mais além. Ou, numa frase: “Mãe, eu amanhã vou ser punk.”

Amyl and the Sniffers no Primavera Sound Porto 2024
Rita Carmo

Não estivesse o céu desoladamente nublado no lugar onde o Porto passa a ser Matosinhos (e vice-versa) e veríamos cores crepusculares no horizonte. Noutros anos, por aqui vimos indie rock de outros tempos, cabelos brancos dos tempos de hoje, Dinosaur Jr. vem logo à cabeça. Inicialmente, o extenso palco onde até 2023 tinham lugar os maiores concertos do Primavera Sound Porto parecia demasiado grande para uma banda de fim de tarde, não completamente desconhecida (passou em 2023 pelo festival Meo Kalorama, em Lisboa e, há quatro anos, já havia atuado neste mesmo Primavera Sound portuense), mas suficientemente indistinta para motivar romaria. Cerca de uma hora depois, muita gente saberá dizer quem são os Amyl and the Sniffers, punk-rockers australianos que deram um concerto ‘dos livros’, daqueles onde se aprende a mudar de credo. Ao lado de quem escreve estas linhas, três adolescentes envergando pulseiras da amizade de Taylor Swift pareciam descobrir, 15 dias depois de uma mais do que provável visita ao Estádio da Luz, que as vontades, tal como os tempos, têm a virtude de mudar.