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BLITZ 2023. Entrevista a Roberto de Carvalho: “Quando a doença foi descoberta, Rita Lee deu-se conta de como a amávamos. Não queria partir”

Em setembro, falámos com Roberto de Carvalho, músico brasileiro e companheiro de Rita Lee durante quase 50 anos. A propósito da edição em Portugal da segunda autobiografia da cantora, desaparecida este ano, o seu viúvo falou sobre os últimos anos da sua “alma gémea”, marcados pela doença mas também por uma grande vontade de viver. “Quando foi diagnosticada, o que me foi dito é que a sobrevida seria de três a quatro meses. E, afinal, foram dois anos”. Vale a pena (re)ler

Rita Lee com Roberto de Carvalho
Guilherme Samora

Conheceram-se em 1976 e não voltaram a separar-se, mantendo uma sólida e frutuosa relação amorosa, da qual nasceram três filhos e dois netos, e musical, com numerosas parcerias até aos anos 90. A propósito da edição em Portugal de “Outra Biografia” (edição Contraponto), na qual Rita Lee reflete sobre o cancro de que descobriu sofrer na pandemia, o compositor e multi-instrumentista Roberto de Carvalho, seu viúvo, deu uma entrevista comovente à BLITZ. “Rita levou com ela um pedaço enorme de mim, mas em compensação ficou em mim um pedaço enorme dela. Nós dois somos almas gémeas. Indissociáveis, assim permanecerá por toda a eternidade.”

Rita Lee começou a escrever esta segunda autobiografia quando, durante a pandemia, descobriu sofrer de cancro no pulmão. Na altura, ela comentou consigo que estava a escrever um novo livro?
Sim, compreenda que nossa convivência era contínua, desde o início da pandemia nos isolámos na Granja [Granja Viana, na zona de São Paulo, onde o casal mantinha um sítio], e Rita, já há alguns anos, vinha se dedicando à literatura. Ela já planeava escrever sobre o período da pandemia quando aconteceu a doença e o vetor mudou. Devo dizer que para Rita era essencial estar sempre envolvida numa atividade criativa, e escrever sobre o período enquanto tudo se desenrolava era inclusive uma terapia para ela.