Conheceram-se em 1976 e não voltaram a separar-se, mantendo uma sólida e frutuosa relação amorosa, da qual nasceram três filhos e dois netos, e musical, com numerosas parcerias até aos anos 90. A propósito da edição em Portugal de “Outra Biografia” (edição Contraponto), na qual Rita Lee reflete sobre o cancro de que descobriu sofrer na pandemia, o compositor e multi-instrumentista Roberto de Carvalho, seu viúvo, deu uma entrevista comovente à BLITZ. “Rita levou com ela um pedaço enorme de mim, mas em compensação ficou em mim um pedaço enorme dela. Nós dois somos almas gémeas. Indissociáveis, assim permanecerá por toda a eternidade.”
Rita Lee começou a escrever esta segunda autobiografia quando, durante a pandemia, descobriu sofrer de cancro no pulmão. Na altura, ela comentou consigo que estava a escrever um novo livro?
Sim, compreenda que nossa convivência era contínua, desde o início da pandemia nos isolámos na Granja [Granja Viana, na zona de São Paulo, onde o casal mantinha um sítio], e Rita, já há alguns anos, vinha se dedicando à literatura. Ela já planeava escrever sobre o período da pandemia quando aconteceu a doença e o vetor mudou. Devo dizer que para Rita era essencial estar sempre envolvida numa atividade criativa, e escrever sobre o período enquanto tudo se desenrolava era inclusive uma terapia para ela.