É bem possível que o melhor tratado de sempre sobre a ultra complexa figura artística de Madonna tenha sido ontem revelado em Portugal nas mais de duas horas de espetáculo que a “Celebration Tour” trouxe até Lisboa, na primeira de duas muito aguardadas apresentações em solo nacional daquela que, indiscutivelmente, ainda ostenta a coroa de Rainha da Pop. De forma muito mais clara do que qualquer biografia prenhe de detalhes, com muito mais profundidade que qualquer estudo semiótico elaborado sobre a sua longa carreira e, certamente, com muito mais substância que todas as críticas que desaguaram nos intermináveis rios de tinta que sobre ela discorreram até hoje, esta “Celebration Tour” é, sem margem para dúvidas, o mais fiel retrato do furacão pop que transformou o mundo ao longo das últimas quatro décadas, mesmo que – lamentavelmente – a artista não tenha autorizado o registo de fotografias por parte da imprensa. Foi mesmo como ver um filme rodado ao longo de 40 anos a ser projetado em modo acelerado de forma a que tudo isso pudesse caber em cerca de 135 minutos (ainda que o acesso a tal só se dê após uma longa espera/tradicional atraso de hora e meia no arranque). Simplesmente incrível.
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Madonna ao vivo na Altice Arena: isto não é um concerto, é a história da vida dela
Será só mais um concerto pop? Um desfile de alta-costura ou uma galeria de arte viva? Uma eucaristia profana ou uma extravagância itinerante acabada de chegar da Broadway? É apenas Madonna a celebrar-se a si mesma como só ela sabe – com justificada pompa e certeira circunstância, como qualquer rainha merece. Simplesmente incrível: foi assim esta segunda-feira na Altice Arena, em Lisboa (e hoje há mais)