O plano estava milimetricamente delineado: primeiro estabelecer o chamado “bom ambiente de trabalho” através do elogio de abertura afagador do ego, com a acrescida vantagem de ser absolutamente verdadeiro: o concerto dos Dexys Midnight Runners no Pavilhão do Dramático de Cascais, a 18 de julho de 1981, um ano após a publicação do clássico de estreia “Searching for the Young Soul Rebels” (e um dia depois de um espetáculo no Infante de Sagres, no Porto), foi um daqueles três ou quatro que dificilmente, alguma vez nos desocuparão a memória. Porém, após uns “A sério?... obrigado” e antes de passar ao novo “The Feminine Divine” com o qual os agora abreviados Dexys voltarão a Cascais — mais exatamente, ao Casino Estoril, dia 20 —, Kevin Rowland, 70 anos feitos em agosto e voz de sucessos como ‘Geno’, ‘Come On Eileen’, desmantelaria sem piedade uma tática laboriosamente urdida.
Quando, há 43 anos, publicou “Searching for the Young Soul Rebels”, imaginava que hoje ainda poderíamos estar a falar sobre ele?
Antes de mais, podemos falar sobre o novo álbum? Acabei de o publicar e considero-o uma obra-prima. Provavelmente, o nosso melhor álbum de sempre. É que o passado não me interessa muito. Os Dexys não são uma banda revivalista. Foi por isso que alterámos o nome de Dexys Midnight Runners para Dexys. Não somos figuras do passado. Podemos falar dele mas o que importa é o presente, este álbum e este espetáculo. No concerto que vamos dar em Portugal, a primeira parte é totalmente dedicada ao novo álbum. E não vamos apenas tocá-lo, vamos apresentá-lo de uma forma dramática.
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