Que ninguém duvide da paixão pela música de todas as almas que, pouco depois da meia-noite, se mantiveram firmes e hirtas no anfiteatro natural do Taboão. Foi precisamente com a chegada dos Black Midi ao palco principal do Vodafone Paredes de Coura que a chuva, que já vinha dando um ar da sua graça durante os concertos de Domi and JD Beck ou Expresso Transatlântico, desabou sobre o festival. No sistema de som, ecoava uma apresentação exuberante, à moda de James Brown, na qual os Black Midi, uma das bandas mais selvagens, ou experimentais, do novo rock inglês é descrita como a rapaziada “mais trabalhadora” do pedaço. Se são os que mais trabalham ou não, desconhecemos, mas depois desta noite deveriam receber um prémio pela resistência a condições meteorológicas adversas. Quanto aos festivaleiros que, ao longo de uma hora certinha, não arredaram pé da frente do palco, lançando-se até em perigosos moshes escorregadios, daqui vão os nossos parabéns pela devoção à música - e/ou à loucura pela mesma, já que, tantas vezes, é ténue a diferença.
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Black Midi no Vodafone Paredes de Coura: um dilúvio de sons, ideias e muita chuva
Daqui a alguns anos, haverá festivaleiros com t-shirts a dizer “Eu estive no concerto dos Black Midi em 2023”. Na terceira noite de Paredes de Coura, São Pedro não perdoou e a chuva tornou a atuação dos londrinos, praticantes de um rock selvagem e experimental, ainda mais surreal. Veja as fotos do espetáculo e dos resistentes à chuva