Seria estranho, no mínimo, o artista não defender que uma nova obra é o seu melhor trabalho ou um dos melhores. É certo que, mesmo com um percurso pouco linear, marcado por várias pausas e o afastamento temporário do guitarrista Graham Coxon, no contexto do álbum “Think Tank”, de 2003, os Blur nunca foram banda de editar um disco só porque sim — nem quando, em 2015, regressaram com o surpreendentemente fresco “The Magic Whip”, depois de um longo intervalo discográfico de 12 anos —, mas não deixa de ser admirável sentir que persiste neles, 35 anos depois de se juntarem, a vontade de se reconhecerem num novo contexto, explorando outras soluções para uma sonoridade com uma identidade muito vincada e tentando criar, dessa forma, de novo, o seu “melhor trabalho”.
Se, no último disco, o quarteto londrino aproveitou a mudança de ares proporcionada por uma estadia em Hong Kong para compor canções como ‘Lonesome Street’ ou ‘Ghost Ship’, o regresso às origens que se pressente neste novo “The Ballad of Darren” nasce de uma experiência mais caseira de Damon Albarn, Coxon, Alex James e Dave Rowntree. “É provavelmente o álbum mais emotivo que fizemos até hoje e um dos meus favoritos”, defende o baixista Alex James em entrevista ao Expresso, “o Damon tem passado muito tempo em Devon. Todos nós vivemos no campo e penso que o disco tem um ambiente mais bucólico”.