Exclusivo

Blitz

Rammstein ao vivo em Lisboa: rodeada de fogo, a ‘bomba-relógio’ de Till Lindemann não explodiu no Estádio da Luz

Podemos separar a arte do artista? Pode uma suspeita estragar a fruição de um espetáculo? Ou podem seis músicos ‘pagar’ pelos alegados pecados de um? Algumas destas questões terão passado pela cabeça dos fãs dos Rammstein que, numa segunda-feira quente, acorreram ao Estádio da Luz, em Lisboa, assistindo a um espetáculo de pirotecnia abundante, metal industrial de eficácia comprovada e refrães prontos a ser cantados pela multidão. O que vale mais?

Rammstein, Estádio da Luz (Lisboa), 26 de junho de 2023
José Fernandes

Hugo Geada (texto) e José Fernandes (fotos)

Não é fácil lidar com desapontamentos, especialmente quando se trata de pessoas que se respeita artisticamente. Há quem não evite engolir em seco sempre que se ri de uma piada de Woody Allen (à luz das acusações de Mia Farrow), quando canta um refrão escrito por Morrissey (que, politicamente, já várias vezes se encostou de forma evidente à extrema-direita) ou quando tenta apreciar a prosa de Bukowski (sabendo que o escritor tratava mal as mulheres).

E quando estas pessoas estão à nossa frente? Este pensamento terá ocorrido a muitas das pessoas que acorreram ao concerto dos alemães Rammstein, esta segunda-feira, no Estádio da Luz, em Lisboa, fãs com bilhete comprado bem antes de Till Lindemann enfrentar graves acusações de conduta sexual imprópria.