As recentes passagens pelo nosso país de veteranos como Bob Dylan – 82 anos – e Chico Buarque – 78 anos – bem como os ecos muito positivos da recente subida ao palco de Joni Mitchell – 79 anos – ou o anúncio de uma nova digressão a solo de Neil Young – 77 anos – deixam claro que nestas coisas da música popular a idade é mesmo só um número e a validade dos grandes artistas não se curva a prazos próprios de produtos perecíveis.
Há, realmente, algo de diferente em todos estes nomes, uma vez que nenhum deles é exatamente o típico exemplo do artista que só consegue pisar palco arrastado pelo peso da memória para tocar perante um público igualmente envelhecido temas com muitas décadas em cima, como acontece no chamado “heritage circuit”. Sobre Chico Buarque, por exemplo, escrevemos que “um dos grandes escritores de canções da sua geração prefere montar um espetáculo diferente, que passa mais por um discreto fio conceptual do que (apenas) por refrões para cantar em uníssono”. O mesmo sucedeu com Bob Dylan que também se apresentou no Campo Pequeno “com 82 anos na cabeça, tronco e membros e uma eternidade na voz. Como se nada fosse”.