É praticamente impossível sair de um concerto dos Blur sem o arranjo de cordas de ‘The Universal’ em ‘loop’ na mente, cutucando memórias de 1995, quando tudo estava por fazer, quando os olhos viam o que estava à frente. Uns fizeram filhos, casas, estátuas, livros, discos; outros fizeram de conta; e há os que já cá não estão, chorados por decreto e a vida continua. “If the days they seem to fall through you/ Well, just let them go”: que lema lixado, e o “next century” já é hoje.
Conseguimos sair de um concerto dos Blur sem um desarranjo de cordas no cerebelo? Não, se estivermos nos quarentas e cairmos no engodo de ter saudades de nós próprios (mas se não estiver nos quarentas, por favor, não se sinta alienado). Talvez seja por isso que, em som de suspiro, Damon Albarn nos diga, mesmo antes das famigeradas cordas de ‘The Universal’ ecoarem pelo palco principal do Primavera Sound Porto, que é uma sorte partilhar “música estúpida connosco”. Caramba, ele viu aos 27 a placidez do futuro que hoje habita.