Este documentário é feito de coisas a que não associamos Tina Turner, intérprete maravilhosa, cintilante, solar, sempre com aquele sorriso enorme de orelha a orelha. É um filme de mágoas e de ressentimentos. Chega mesmo a ser triste em especiais passagens. Há dores que não se esquecem, por mais que uma pessoa passe a vida a tentar fugir do passado. E também Tina tentou de certa forma escapar ao seu até ter decidido que, afinal, o melhor era encará-lo e fixar esse testemunho, em livros autobiográficos e agora neste filme.
Quando a bonança veio e o êxito lhe bateu com toda a justiça à porta, quando ela conseguiu ser apenas ela e nada mais do que si própria naqueles anos 1980 e 1990 da glória planetária, Tina cantou ‘Ask Me How I Feel’. Não é por acaso que o filme arranca com essa canção. É que Tina, prisioneira de um casamento infeliz, viveu quase 20 anos com um homem, Ike Turner, com o qual nunca conseguiu ser feliz.