Ao longo dos últimos 43 anos, os Depeche Mode conseguiram manter um vigor sem grandes paralelos entre as bandas nascidas de uns anos 80 vividos entre a hegemonia das guitarras e o crescente apelo dos sintetizadores. Sucesso atrás de sucesso, a banda criada precisamente em 1980 por Dave Gahan, Martin L. Gore, Andy Fletcher e Vince Clarke — que pouco depois anunciaria a sua saída, seguindo caminho primeiro com os Yazzo e depois com os Erasure — foi cimentando um estatuto que lhe permite, quatro décadas depois, continuar a gravar álbuns e a esgotar concertos um pouco por todo o mundo. No final de maio de 2022, quando Gahan e Gore, força criativa do coletivo britânico, se preparavam para mostrar a Fletcher as canções em que tinham andado a trabalhar e que integrariam o novo álbum, “Memento Mori” (sai dia 24), era divulgada a notícia da morte inesperada do teclista, vitimado, saber-se-ia mais tarde, por uma dissecação aórtica. Na apresentação oficial daquele que é o 15º longa-duração dos Depeche Mode, em outubro passado, os dois músicos revelavam que quer o alinhamento quer o título tinham sido decididos antes do desaparecimento de Fletcher. “‘Memento Mori’ significa ‘lembra-te de que vais morrer’. Soa muito mórbido, mas a ideia que queremos passar é a de que temos de viver todos os dias como se fossem o último”, esclareceu Gore, acrescentando que a dupla sentiu “muito a falta do Fletch durante as gravações” e que ele “teria adorado este álbum”. “Decidimos continuar, depois de o Fletch morrer, porque temos a certeza de que ele quereria que o fizéssemos. E isso deu ao álbum todo um novo significado.”
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Entrevista exclusiva a Dave Gahan, dos Depeche Mode: “Se em casa fosse o que sou em palco, a minha mulher deixava-me. Algumas já o fizeram”
Depois da morte inesperada do teclista e fundador Andy Fletcher, os Depeche Mode regressam esta sexta-feira aos discos. Em Londres, o vocalista Dave Gahan falou-nos das armadilhas do ego, das boas recordações que guarda das férias no Algarve e de como a ideia de fim se infiltrou em “Memento Mori”. “Tudo muda quando se perde alguém. Não é possível escapar-lhe”, confessa o artista de 60 anos, um autêntico sobrevivente. Uma saborosa entrevista para ler (ou reler) aqui