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A$AP Rocky no Rolling Loud Portugal: não voaram sutiãs, mas ninguém resistiu aos encantos do Pretty Flacko (nem Rihanna)

A$AP Rocky fechou o segundo dia do festival de Portimão com uma atuação de elevada intensidade. O rapper nova-iorquino falou diretamente ao público do Rolling Loud e as dezenas de milhar de espectadores responderam à altura das suas exigências. Na plateia, a namorada Rihanna vibrou

Rolling Loud Portugal: A$AP Rocky com Skepta; Rihanna
Mickey Pierre-Louis/itchyeyephotos

Paulo Pena

Os rumores já se tinham espalhado no dia anterior: Rihanna viria a acompanhar o parceiro A$AP Rocky na primeira de duas paragens em Portugal (a segunda é já no próximo dia 14, no Super Bock Super Rock), e é por “Oh na na” que uma parte do público chama, quando o rapper de Harlem, Nova Iorque, sobe ao Loud Stage. O cenário do palco principal já está montado, pronto a receber o cabeça de cartaz do segundo dia do Rolling Loud 2022, em Portimão. Dois gigantes bonecos alaranjados insufláveis, enchidos na hora, indiciam pelas marcas a preto e amarelo que os testes vão começar — afinal, TESTING, de 2018, ainda é o mais recente longa-duração do artista, e toda a estética criada à volta do disco continua a marcar o décor montado para cada espetáculo.

Uma voz mecânica enuncia três regras para o que se vai passar a seguir: “moshing”, “enjoying yourselves” e “be safe” — todas elas respeitadas à risca por ambas as partes. Advertências feitas, Rocky irrompe fulminante entre jactos de fumo branco e chamas. Camisola com um ampliado dollar sign e a inscrição do próprio nome, a já habitual saia por cima das calças e os indispensáveis Adidas Samba pretos com riscas brancas. “They gonna remember the name”, garante, depois dos sucessivos “GANG”s denunciarem a chegada de “A$AP Forever”.

Rolling Loud Portugal: A$AP Rocky com Skepta
Mickey Pierre-Louis/itchyeyephotos

O rapper nova-iorquino vem, claramente, para agitar as águas da Praia da Rocha. E a chamada antecipada de Skepta, que havia cantado “Praise The Lord” no mesmo palco, sozinho, horas antes, provoca um primeiro momento de frenesim generalizado. O MC londrino volta ao Loud Stage, já sem as jardineiras à DMX no Woodstock’99, agora encapuzado por uma comprida gabardine; mas a sua presença não se resume à repetição de um dos maiores hits de ambos: o duo não hesita em revelar um tema conjunto inédito. Rocky confessa sentir-se bem perante o carinho da plateia e abre o jogo a mais material por lançar — não sem o devido preço: “I need more hype for this one”.

A pedido da estrela norte-americana, os mosh pits multiplicam-se em número e intensidade. No entanto, o “Pretty Flacko” exige que a festa se faça sem violência e, depois de anunciar o tema de slowthai, mas antes de tocar “MAZZA”, apela por mais crowd surfing. Dirige-se, directamente, aos festivaleiros — um a um — que se vão manifestando de pés nos ombros dos (melhores, certamente) amigos. No seguimento de “Babushka Boi”, levantam-se cada vez mais torres humanas, um exército de respeito que presta vassalagem ao rei da A$AP Mob — momento digno de fotografia, prontamente requerida pelo protagonista da noite.

A pergunta sobre os hábitos de consumo de estupefacientes das dezenas de milhar de espectadores é a deixa que introduz a viagem na qual Rocky embarca, com todo o público a bordo, em “L$D”. O frenético concerto, onde a audiência se vê constantemente estimulada pelo artista, acalma pela primeira vez e, após a tempestade e debaixo de uma chuva de estrelas vinda do topo do palco, há um mar de gente que se deixa levar pelo irresistível canto (finalmente despido de banda sonora de apoio) de Rakim Mayers.

A produção avisa o cantor que o seu tempo está a chegar ao fim. Ainda assim, Rocky ainda tem uma palavra a dizer sobre a patente diversidade da plateia: declara estar orgulhoso por atravessar o Atlântico e encontrar gentes das mais variadas etnias em comunhão para celebrar o hip-hop. Para terminar em beleza, coordena um coro de palmas que estabelece o ritmo da deslumbrante “Sundress”. Não voam os habituais sutiãs para o palco, mas não há quem resista ao tema mais transparente e sedutor daquele que sempre teve fama de mulherengo incurável. No fim da canção, sai, mas nem dá tempo para a multidão dispersar. “One more song?” — claro que sim. “Lord Pretty Flacko Jodye 2” é o banger escolhido para se fechar o segundo dia de festival da melhor forma. A$AP Rocky curva-se numa vénia de agradecimento e despede-se. Felizmente, é um até já.