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Anitta no Rock in Rio Lisboa: não é um fenómeno, é um movimento (de anca e não só)

Quatro anos depois da sua estreia no festival, Anitta regressou ao Parque da Bela Vista uma artista diferente para ser brindada com uma autêntica legião de apoiantes. Que não haja lugar para enganos: a multidão em peso, que esgotou este último dia de Rock in Rio Lisboa, estava ali para vê-la... e demonstrou-o bem

Que Anitta se tornou o maior fenómeno da música brasileira não é segredo nenhum, que o público português está com ela praticamente desde o início também não. Foi um Rock in Rio Lisboa a rebentar pelas costuras que, quatro anos após a sua estreia naquele mesmo palco, a recebeu com uma euforia que não se coibiu de demonstrar, do primeiro ao último minuto. Mais do que se tornar um ídolo, a artista brasileira criou um verdadeiro movimento. Com um espetáculo bastante mais eficiente do que o de há quatro anos, Anitta juntou todos os seus êxitos, que já não são poucos, numa atuação vibrante, que saltou da favela para um dos maiores palcos mundiais com pouca subtileza.

Arrancando logo com o funk em alta de ‘Onda Diferente’, colaboração com Ludmilla e Snoop Dogg, e ‘Me Gusta’, dueto com Cardi B, a cantora foi-se passeando, depois, entre as várias versões de si que encapsulou no mais recente álbum, ora cantando em português ora enveredando pelo espanhol (chegámos a vê-la pegar numa bandeira espanhola) ou o inglês, no momento mais roqueiro de ‘Boys Don’t Cry’ ou numa intimista ‘Girl From Rio’. O primeiro grande momento, brindado com um dos maiores coros da noite, chegou com ‘Sua Cara’, colaboração com Major Lazer e a drag queen Pabllo Vittar, mas o público foi à loucura com a coreografia de ‘Envolver’, a tal canção que a levou este ano ao topo da tabela mundial do Spotify, ou ‘Terremoto’, êxito de 2019 em dueto com o compatriota Kevinho. “Portugal, vocês são demais. Amo vocês”.

Apoiada por um batalhão de bailarinos que nunca deixou o espetáculo esmorecer, a cantora carioca não se esquivou a exibir um dos seus maiores trunfos, e imagem de marca: “Vocês estão preparados? Vocês pensaram que eu não ia rebolar minha bunda hoje?”, provocou, antes de se atirar a um momento de coreografia ao som do ‘Movimento da Sanfoninha’. “Eu sonhei muito com esse dia. Estar aqui de volta Estou muito emocionada”, assumiu, “quero agradecer a todos vocês. Nunca vou esquecer este dia, estou emocionada de verdade”.

Havia ainda muito para mostrar e a multidão não se deixou ficar quando Anitta serviu hinos como ‘No Chão Novinha’ ou ‘Dançarina’, êxitos recentes com Pedro Sampaio, uma inescapável ‘Vai Malandra’ ou ‘Modo Turbo’, parceria com Luísa Sonza e Pabllo Vittar. A única convidada em palco, contudo, foi mesmo MC Rebecca, que se juntou em‘Combatchy’. Para o final, depois de avisar que estava prestes a despedir-se, ficou reservada a canção que a transformou num caso sério de sucesso em Portugal, nesse já longínquo ano de 2013: ‘Show das Poderosas’ arrebatou uma das maiores ovações da noite, mas ainda houve quem achasse que havia lugar para “só mais uma”. Não houve. Talvez numa próxima.