"Da outra vez não estava tanta gente", diz Tatanka, voz dos Black Mamba, já perto do final do concerto da banda no palco Galp Music Valley do Rock in Rio Lisboa. Foi há exatamente uma década que o coletivo subiu pela primeira vez àquele mesmo palco, então chamado Sunset, e embora a receita não tenha mudado grandemente, a moldura humana que se formou para assistir multiplicou-se por muito. "É por isso que trabalhamos todos os dias".

O rock dos Black Mamba, que se vai mascarando de blues, soul ou funk, chega sempre bem embrulhado, com tudo no sítio certo, contanto a história de sucesso de uma banda que se sente tão confortável em canções em lume brando, como 'It Ain't You', hinos como 'Believe' ou momentos mais agitados como a mais recente 'Crazy Nando'. O amor aos anos 70 está lá sempre presente e os ocasionais solos de guitarra relembram-nos que a proposta do coletivo é bastante clara.

“Cheguem-se junto. Desçam a montanha, paulatinamente”, pediu Tatanka no início do concerto, quando o público ainda se deslocava na direção do palco depois do final da atuação dos Xutos & Pontapés no Palco Mundo. Pouco depois, a plateia já estava bastante bem composta... e recetiva. "Bem vindos. Olhem à vossa volta: é o regresso dos festivais", atirou o vocalista depois de apresentar uma intensa 'Stronger', "é o regresso da liberdade. Podemos estar todos juntos outra vez. Vamos exorcizar esse bicho que nos tem atormentado".

As canções que antecipam um novo álbum - "sairá em breve, ainda este ano ou no início do próximo", promete o cantor - chegam na reta final da atuação. A agitação de 'Sweet Amsterdam' daria lugar, momentos mais tarde, à canção que muita gente estaria ansiosa por ouvir: 'Love is On My Side', que levou os Black Mamba a representar Portugal na Eurovisão, no ano passado, seria entoada em coro pelo público, do início ao fim, com o vocalista a puxar pela "potência máxima do fundo do pulmão".