Para quem não morre de amores por peixe, o choco é uma óptima opção. Primeiro, pelas suas características organolépticas. Segundo, pelas propriedades nutritivas. Desde que não muito cozinhado - "para não ficar tipo borracha", lembra Paulo Morais -, este molusco cefalópode presta-se às mais variadas confecções, muitas mais do que os típicos choquinhos fritos com tinta ou a tradicional feijoada. Assar choco em folha de bananeira, uma receita de inspiração indiana proposta pelo chefe do restaurante QB, além de muito fácil elaboração, realça a macieza e o sabor ligeiramente adocicado da carne deste molusco. Segundo Paulo Morais, a folha de bananeira (encontra-se congelada nos supermercados chineses) "ajuda a manter a humidade do choco, não deixa fugir o molho e confere-lhe um sabor aromático". Outra forma de degustar este molusco marinho é grelhá-lo à moda da província chinesa de Sichuan, ou seja, com molho hoisin, o mesmo molho usado no famoso pato à Pequim. Neste caso, o tempo de cozimento da carne não deve ir além dos três, quatro minutos e o lume convém ser sempre forte (ao contrário de um guisado, em que o lume deverá ser mais brando).

Quanto às propriedades nutritivas do choco, são idênticas às de qualquer peixe: pouco calórico (82 calorias por cada 100 gramas), uma boa fonte de proteínas (17%) e um teor lipídico baixo e fundamentalmente composto por gorduras insaturadas (menos de 1,5%). Entre as vitaminas, destacam-se a B3 e a B12. O fósforo, o potássio e o magnésio são os minerais mais abundantes. Enquanto vivo, o choco é tido como um animal tímido e com uma capacidade de mimetismo superior à dos camaleões, um truque que a indústria pesqueira contorna com a maior das facilidades. Este molusco encontra-se à venda em qualquer altura do ano, congelado ou fresco.