O treinador do FC Porto profetizou ontem, após a derrora por 3-1 frente ao Gil Vicente, que andam a levar outra equipa ao colo e que já podem encomendar as faixas de campeão.
Vítor Pereira tentou ser sarcástico em relação à infeliz arbitragem de Bruno Paixão na partida de Barcelos, mas como o dom da palavra e a clarividência de comunicação não são o seu forte fugiu-lhe a boca para a verdade: o Benfica é o mais do que provável campeão nacional de futebol 2011/12.
Afastada cinco pontos da liderança da Liga de futebol, a equipa portista terá de empreender uma verdadeira revolução de costumes e driblar a história recente se, em maio, quiser agarrar ainda a faixa de campeão que defende.
Campeões de inverno vencem no verão
Além do atraso para os arquirrivais da Luz ser difícil de recuperar, manda a história do futebol português do século XXI que os campeões de inverno recebam as faixas na primavera.
Com a desastrosa exibição em Barcelos, o FC Porto, que perseguia o Benfica a dois pontos desde o final da primeira volta, não só entregou de bandeja o título ao adversário como ajudará a confirmar a tradição criada pelos próprios 'dragões'.
Em 2001, o Boavista dobrou o campeonato na frente e antes do verão levantou o troféu de campeão nacional. No ano seguinte, foi a vez do Sporting repetir a façanha. Desde então, o FC0 Porto arrecadou sete títulos de inverno, que seriam confirmados em títulos nacionais alguns meses depois.
As duas exceções à regra deste milénio foram ditadas pelo Benfica, que nas duas dobragens do campeonato em que terminaram empatados na frente classificativa com o FC Porto acabaram por ostentar as faixas de campeão. Foi assim em 2004/05 e em 2009/10, a época do primeiro título de Jorge Jesus.
Pinto da Costa pela terceira vez no balneário
A fazer fé na tradição, a equipa da Luz tem na temporada em curso ainda maiores razões para sorrir, motivada pelos cinco pontos de avanço e pela quebra de jejum de 18 anos registada na liderança da Liga a meio do campeonato.
No final de um jogo em que Vítor Pereira atirou acusações ao árbitro devido a uma "desastrosa atuação" e à equipa portista "que não mostrou querer o título", o cada vez menos apreciado treinador dos 'dragões' colocou ainda um ponto final numa maratona de 55 jogos invictos na Liga.
Mais uma vitória e os portistas teriam chegado ao registo de 56 encontros sem perder do Benfica da era John Mortimore. Marca que Vítor Pereira delapidou e que obrigou Pinto da Costa a descer pela terceira vez ao balneário esta época, para falar grosso ao plantel e ao seu timoneiro.
Pela terceira vez ainda, o 'galo' de Vítor Pereira fez subir de tom a contestação dos adeptos, que não pouparam a comitiva no regresso ao Dragão, uma revolta vigiada de perto por duas dezenas de agentes policiais.