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Sousa Cintra fintou 'Grupo dos Cinco' e ganhou por maioria

O reinado de Jorge Gonçalves durou menos de um ano e as eleições de 1989 no Sorting tiveram, pela primeira vez, quatro candidatos. Sousa Cintra ganhou por maioria um ato que deveria ter como favorito... Pedro Santana Lopes.

Sousa Cinta com Marcelo Rebelo de Sousa, quando este visitou Alvalade na qualidade de candidato à presidência da Câmara de Lisboa
Luiz Carvalho

Bruno Roseiro

Sousa Cintra até nem tinha um jeito particular para o futebol mas as eleições de 1989 mostraram que exibia outro dom: sabia fintar. E foi isso que fez, antes e durante mais uma campanha eleitoral que animou o Sporting - sobretudo os adeptos mais jovens - e que terminou com a vitória inequívoca do 'empresário das águas', em junho.

Preocupados com a situação do clube após um ano de vigência de Jorge Gonçalves (além do fracasso desportivo, o passivo aumentou ainda mais do que nas piores expectativas), um grupo de sócios 'notáveis', o 'Grupo dos Cinco', encontrava-se de forma regular para encontrar uma solução que permitisse criar uma certa unanimidade.

Pedro Santana Lopes, um dos participantes, era apontado como o putativo candidato num convénio que tinha ainda José Roquette, João Rocha, Carlos Monjardino e João Justino. No entanto, Sousa Cintra furou as contas - queria Santana Lopes para a Assembleia Geral e José Roquette para o Conselho Fiscal mas seria sempre o líder. O político fartou-se, o empresário avançou.

Com o desgaste de Jorge Gonçalves e a pouca influência de Miguel Catela, António Simões, do Braz&Braz, voltou a ser o candidato que mais rivalizava com o favorito mas o destino acabou por ser o mesmo - perdeu. A vida empresarial e o estilo de Cintra, numa linguagem muito 'terra à terra', acabou por convencer o eleitorado leonino, que 'entupiu' mais do que uma vez a Praça do Saldanha, onde se situava a sede de campanha.

Os resultados finais só foram conhecidos de madrugada mas, já antes, e com as urnas ainda abertas (votaram 15.299 sócios), as rádios avançaram com o triunfo categórico de Sousa Cintra. Confirmou-se: 63,6%, contra 24,9% de António Simões, 10,1% de Jorge Gonçalves e 1,3% de Miguel Catela.

Mas, antes da entrada no pavilhão do novo líder, ainda se gerou alguma confusão entre os adeptos, que queriam ir celebrar no interior do recinto. O empresário lá acabou por subir ao palanque para o discurso da praxe. Foi a derradeira eleição com mais do que um candidato até... 2006.