Portugal parte para os Jogos Paralímpicos Pequim-2008 com o objectivo de, no mínimo, igualar as 12 medalhas de Atenas-2004 e com a satisfação de participar em novas modalidades, garante Jorge Carvalho, chefe da missão nacional.
"Vamos para Pequim com dois objectivos: o primeiro, que julgo partilhar com todos os portugueses, é representar condignamente o país, o segundo é conquistar um número de medalhas, no mínimo, igual ao conseguido em Atenas", referiu Jorge Carvalho à Agência Lusa.
Com uma equipa de 35 atletas, dos quais 13 estreantes, Portugal vai estar representado pela primeira vez no remo e na vela, facto que deixa o chefe de missão satisfeito.
"O alargamento do leque da participação portuguesa em novas modalidades é um factor muito positivo", disse Jorge Carvalho, manifestando-se também bastante satisfeito com o aumento da quota feminina na equipa. Em Atenas-2004, numa equipa com 41 atletas, Portugal teve uma quota feminina de 17 por cento, enquanto na comitiva para Pequim-2008 entre os 35 atletas, 13 são mulheres, o que representa uma quota da 34 por cento.
"O Comité Paralímpico Internacional (IPC) quer que as delegações tenham um quota feminina de 35 por cento. Estamos praticamente nesse número e isso deixa-nos muito satisfeitos", afirmou Jorge Carvalho, que lidera as missões paralímpicas portuguesas desde Barcelona-92.
Com uma comitiva mais pequena que em Atenas, sobretudo devido à ausência de representantes em modalidades colectivas, Jorge Carvalho acredita na conquista de medalhas nas três modalidades em que Portugal já subiu ao pódio - natação, boccia e atletismo -, mas espera "surpresas agradáveis noutros desportos".
"No atletismo queremos atingir o maior número possível de finais e igualar ou ultrapassar as três medalhas de há quatro anos", afirmou, acrescentando que no boccia "todos têm possibilidades de chegar às medalhas".
Na natação, Jorge Carvalho lembra a ausência da já retirada Susana Barroso, "dona" de maioria das medalhas que Portugal conquistou na modalidade, mas mesmo assim aposta "numa ou duas subidas ao pódio".
No ciclismo, representado pelo "veterano" Augusto Pereira, o chefe de missão acredita que Portugal vai "melhorar o nono lugar conseguido em Atenas, nas provas de estrada e contra-relógio".
Em Hong Kong, onde se disputam as provas de equitação, Jorge Carvalho acredita que a estreante Sara Duarte atinja a final, e em Quingdao, que acolhe a vela, espera que a dupla Bento Amaral/Luísa Silvano consiga "um lugar entre os cinco primeiros".
Num balanço das participações portuguesas em Jogos Paralímpicos, desde 1972, Jorge Carvalho destaca o facto de Portugal se ter situado sempre no primeiro terço da tabela entre os países participantes, lembrando que "actualmente Portugal está em oitavo lugar entre os 27 países da União Europeia e no primeiro terço mundial, o que é muito bom".
Independentemente dos resultados obtidos na China, o ano de 2008 ficará marcado no desporto adaptado português, pela criação do Comité Paralímpico de Portugal, que será formalizado em Outubro e ficará encarregue da preparação do ciclo Londres-2012.
"O Comité Paralímpico vai trazer grandes mudanças ao desporto nacional, com a inclusão dos praticantes com deficiência nas estruturas do desporto regular", afirmou. Com mais ou menos medalhas, Pequim2008 vai ser um marco na história do movimento paralímpico português, não só pela diversificação do leque de modalidades, mas sobretudo pela renovação e pela missão mais feminina de sempre.