ARQUIVO Desporto - Tribuna

Não há jantares grátis

Equipa de Mourinho elimina Galatasaray de Mancini: 2-0 em Londres, 3-1 na eliminatória. Os blues estão nos quartos-de-final da Liga dos Campeões.
Samuel Eto'o deu sinais de vida: apontou o segundo golo da noite
Eddie Keogh/Reuters

A história da noite era a do regresso de Didier Drogba a Stamford Bridge, ao sítio onde fora feliz. O problema de Drogba, que foi devidamente homenageado por quem ele fizera feliz, é nessa morada estar a residir um tipo a reviver a mesma experiência. Nestas coisas da imortalidade, já sabemos, só pode haver um; e, pelo menos no Chelsea, é José Mourinho. E enquanto ele continuar a pôr artistas a fazer de operários, como Hazard e Oscar, e a recuperar jogadores perdidos para a causa, como Eto'o, Mourinho continuará a ser o único no Oeste de Londres. Porque a Leste, de Istambul, não veio nada de novo.

O Galatasaray de Mancini tentou lançar o jogo na conferência de imprensa, quando o italiano convidou o português para jantar se lhe ganhasse. Correu mal: Mourinho recusou, porque disse não ter nada a ver com Mancini. Se há momento em que Mourinho é imbatível, é no mind game - lembram-se de Guardiola e da frase "Mourinho es el puto jefe y el puto amo en esta sala [dispensa-se a tradução]"? - e o português descompôs o italiano e compôs o ramalhete para a vitória. Que aconteceu naturalmente.

 

Mais é melhor 

O Chelsea também não tem nada a ver com o Galatasaray e por mais que Mourinho rejeite a ideia, a verdade é que uma equipa que tem Hazard, Oscar, William, Ramires ou Lampard é candidata a ganhar a Liga dos Campeões. Falta-lhe um goleador? Podemos dar essa de barato, mas enquanto Samuel Eto'o for dando sinais de vida, o clube londrino tem de ser levado a sério. 

Frente ao Galatasaray, a estratégia foi clara: atacar, porque marcar cedo dá saúde e faz crescer dentro do campo. Eto'o levou a cartilha à letra. A partir daí, o Chelsea esteve em todo o lado em que Felipe Melo (o melhor do Galatasaray) não consegui estar. Os arranques e os repelões dos blues sucederam-se enquanto os turcos se desdobravam em dobras para tentar travar os dribles de Hazard e de Oscar ou os passes de Ramires. Nunca o conseguiram e o melhor que faziam era chutar o assunto para canto. Num deles, Terry disparou à queima-roupa, Muslera defendeu, e Cahill voltou à carga: 2-0, à beirinha do intervalo (3-1 na eliminatória).

A segunda-parte, estava visto, serviria apenas para picar o ponto, porque o Chelsea tinha o bilhete para os 'quartos-de-final' e o Galatasaray tinha guia de marcha na mão. Assim foi. Cech não  chegou sequer a abanar o capacete, Ramires continuou no seu baile de máscaras e Torres entrou para fazer o costume - pouco ou quase nada. Mas pior ficou Mancini que se viu de mãos a abanar e sem companhia para jantar. Há de encontrar melhor forma de gastar o seu salário do que com quem não precisa de dinheiro. Ou de companhia.