Mais um documentário sobre Pelé, agora pela Netflix. Intitula-se simplesmente “Pelé”, estreia-se no dia 23 e, pelo que se sabe, é uma garantia de muitos golos do craque Pelé e lágrimas do homem Edson — sabe quem é? Já adiantei artigos a entregar, cancelei compromissos e mandei providenciar as pipocas para, assim que o filme entrar, assisti-lo contrito. Da mesma forma que há pessoas que não perdem um filme de James Bond, faço isto com os filmes sobre Pelé. Devo ter assistido a todos, desde o primeiro, “O Rei Pelé” (Carlos Hugo Christensen, 1962), até “Isto É Pelé” (Luiz Carlos Barreto, 1974) e, até agora, o melhor de todos, “Pelé Eterno” (Aníbal Massaini Neto, 2004). São apenas alguns dos que se fizeram sobre ele, todos bons — o que não é vantagem quando se considera a miríade de imagens suas nos arquivos, à disposição dos cineastas.
Elas mostram-no fazendo golos de frente, de costas, com a perna direita, esquerda, de cabeça, de bicicleta, de calcanhar, de bate-pronto, de dentro e fora da área, de grande penalidade, de falta (encobrindo a barreira ou contornando-a), de tabelinha com os companheiros ou na própria perna do adversário e muitas outras modalidades, nem todas até hoje catalogadas. Que eu saiba, só faltou a Pelé fazer um golo com a mão, como o argentino Maradona na Copa do Mundo de 1986 contra a Inglaterra. Não foi necessário — os 11 golos que Pelé marcou em Copas do Mundo foram legítimos. Tudo isso, imagino, veremos no documentário da Netflix. E, se já vimos estas cenas em outros filmes, vamos vê-las de novo, como quem nunca se cansa de ir ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque para admirar a “Noite Estrelada”, de Van Gogh.
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