Em Agosto de 1975, Mário Soares e Salgado Zenha, num jantar privado com Frank Carlucci, alertaram o embaixador dos EUA para a hipótese do Presidente Costa Gomes estar a ser "chantageado" pelo PCP. Alertado, o Departamento de Estado pediu à sua embaixada em Lisboa que investigasse o assunto.
O resultado foi transmitido através de um telegrama para Washington, em 15 de Agosto, citado na biografia "Marechal Costa Gomes. No Centro da Tempestade", de Luís Nuno Rodrigues. No referido documento lê-se: "Ao avaliar a enigmática personalidade política de Costa Gomes é necessário ter em conta que ele e Vasco Gonçalves têm uma longa relação de amizade pessoal, que o filho único do presidente viveu com a família Gonçalves enquanto Costa Gomes esteve ao serviço em África; e que o filho do presidente e a filha de Gonçalves, segundo se diz, são namorados e, alegadamente, ambos membros do PCP".
Cinco dias antes da tentativa de golpe de Estado de 25 de Novembro, a embaixada dos EUA deu informações mais precisas, assim descritas pelo biógrafo de Costa Gomes: "Grande parte da capacidade de influência do PCP sobre o PR era proveniente do seu próprio filho, membro da 'juventude comunista' que, inclusivamente, teria já ameaçado com 'greve de fome' caso o pai não assumisse uma determinada posição favorável ao PCP".
Zita Seabra confirma nas suas memórias ('Foi Assim', ed. Alêtheia) que o filho de Costa Gomes era militante da UEC, a organização estudantil do PCP, bem como a filha de Vasco Gonçalves e um sobrinho de Melo Antunes. "Nos momentos críticos eu falava directamente com o Chico e transmitia-lhe o que me mandavam dizer-lhe. Momentos houve em que este contacto foi decisivo para as decisões do general".
O livro de Luís Nuno Rodrigues tem a chancela da Esfera dos Livros e será lançado em Abril.
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