Alertas Expresso

Bastonário acha inaceitável médico pedófilo continuar a exercer

Pedro Nunes alerta que "se o juiz não determinar a interrupção do exercício da medicina, a Ordem dos Médicos não pode fazer nada".

Micael Pereira, com Vera Lúcia Arreigoso

Pedro Nunes considera "inaceitável que um médico com um processo em tribunal por abuso sexual ou pedofilia continue a trabalhar".

O bastonário da Ordem dos Médicos reage assim ao facto de um clínico condenado a uma pena suspensa de quatro anos de prisão, nos Açores, por abusos sexuais de duas crianças menores, uma com 9 anos e outra com 13, continuar em actividade no Centro de Saúde de Benfica, em Lisboa, onde dá consultas.

O problema, segundo Pedro Nunes, é que "se o juiz não determinar a interrupção do exercício da medicina, a Ordem dos Médicos não pode fazer nada". O bastonário reconhece que o estatuto disciplinar com que os médicos são sancionados é obsoleto e que os castigos são muitas vezes insuficientes, acrescentando que tem pedido para que as regras sejam revistas, o que terá de passar pela Assembleia da República. Ao Expresso, a ministra da Saúde, Ana Jorge, já disse que receberá "com todo o interesse a proposta que o bastonário quiser fazer".

O médico em causa manteve uma relação com as duas crianças ao longo de ano e meio, com o consentimento da mãe e da avó, que foram também constituídas arguidas mas acabaram por ser absolvidas. No acórdão, proferido na semana passada, foi considerado que o arguido teve "um acidente na vida" e que se mostrou "arrependido e envergonhado", depois de ter confessado "a quase totalidade dos factos". O Ministério Público vai apresentar no início da semana recurso para a Relação de Lisboa da decisão do tribunal de primeira instância.

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