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Ted Kennedy, o "leão" liberal do senado

Durante cerca de meio século no Senado, Ted Kennedy foi uma voz dominante em questões de saúde, direitos humanos, guerra e paz, deixando a sua marca em toda a legislação social importante que passou pelo Congresso. 

Edward (Ted) Kennedy, conhecido como o "leão" liberal do Senado, foi o terceiro dos irmãos Kennedy a destacar-se pelo seu percurso político, depois dos seus irmãos John, que foi Presidente, e Robert, ambos assassinados. A família anunciou hoje a sua morte ao 77 anos, depois de ter lutado contra um cancro no cérebro.  

Durante cerca de meio século no Senado, Ted Kennedy foi uma voz dominante em questões de saúde, direitos humanos, guerra e paz, e muitas outras. Para o povo norte-americano, todavia, era mais conhecido como o último irmão vivo de uma família política histórica. 

Foi eleito para o Senado em 1962, quando o seu irmão John era Presidente, e só outros dois senadores tiveram mandatos mais longos do que o seu. Durante décadas, Ted Kennedy deixou a sua marca em toda a legislação social importante que passou pelo Congresso.   

Nascido a 22 de Fevereiro de 1932 em Boston, o último dos nove filhos de Joseph e Rose Kennedy, representou o Massachusetts sem interrupção desde que foi eleito, pelo Partido Democrático, para ocupar o lugar deixado pelo irmão John, para assumir a presidência.   

Jurista, formado pela Universidade de Harvard e pela Escola de Direito da Universidade da Virgínia, Ted Kennedy ficou na sombra política dos seus irmãos mais velhos até ao assassínio de Robert, em Junho 1968, durante a campanha presidencial. 

Após o desaparecimento deste último, a tarefa de representar o clã na vida política nacional e no partido coube-lhe a ele naturalmente. Mas um acidente de viação na ilha de Chappaquiddick em 1969, na qual a sua jovem colaboradora Mary Jo Kopechne se afogou, pôs termo definitivamente às suas ambições presidenciais. 

Considerado um dos representantes da ala esquerda do Partido Democrático, chegou-se sempre à frente em todas as questões sociais, nomeadamente as relacionadas com o direito à educação e à saúde para todos, sem distinções de raça, língua ou rendimento. 

Em 1994, depois de 32 anos de participação, torna-se presidente da comissão de trabalho e dos recursos humanos do Senado e apadrinha a reforma do sistema do Estado providência, pilar de toda a administração democrata desde a crise económica de 1929. 

Como patriarca do clã Kennedy, Ted esteve sempre presente nos momentos difíceis, fossem os ligados aos problemas judiciários ou às desgraças, como a morte de John Fitzgerald Jr. em 1999, num acidente de avião. 

Após a intervenção norte-americana no Iraque, em 2003, opôs-se a George W. Bush acusando-o de ter exagerado a ameaça iraquiana para justificar a guerra e comparando-o a Nixon em relação ao Vietname. 

Em 2004 apoia activamente o candidato democrata John Kerry e em 2008 junta-se à campanha de Obama para a candidatura presidencial democrata de 2008. 

Casado duas vezes, deixa três filhos nascidos do primeiro casamento.