A Rússia impôs hoje um bloqueio marítimo à Geórgia e tomou o controlo de Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul, imediatamente após Tbilissi ter anunciado a retirada das suas forças da quase totalidade desta região separatistas georgiana.
O secretário do Conselho de Segurança georgiano, Alexandre Lomaia, disse que a Geórgia recorreu aos Estados Unidos e pediu à secretária de Estado Condoleezza Rice para "servir de mediadora com a Rússia".
A Casa Branca já avisou a Rússia que o conflito poderá ter um impacto "importante" no relacionamento a longo prazo com os Estados Unidos e que a reacção russa à retirada georgiana, se este for confirmado, seria "um teste".
Entretanto, russos e georgianos prosseguem as negociações para chegarem ao acordo quanto à abertura de corredores humanitários para a retirada de feridos e refugiados na Ossétia do Sul.
Em declarações à TSF, o alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados, António Guterres, manifestou-se optimista quanto ao consenso para a abertura dos corredores humanitários.
No entanto, referiu que ainda há "competições muito profundas no terreno", apesar da situação hoje estar mais calma.
"Ainda não é claro que essa melhoria possa estar consolidada", disse ainda António Guterres.
O chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, cujo país preside à União Europeia, deve chegar hoje à região para propor "uma saída à crise".
A União Europeia advertiu sábado que a continuação das operações militares russas na Geórgia "afectará" o relacionamento UE-Rússia.
Segundo uma declaração de Alexandre Lomaia, hoje de manhã a Geórgia afirmou ter retirado "quase a totalidade" das suas forças militares da Ossétia do Sul "em sinal da boa vontade" e o desejo georgiano é que os "confrontos militares terminem".
O porta-voz do ministério do Interior georgiano, Chota Outiachvili, anunciou que "as forças russas ocupam Iskhinvali", informação que já foi confirmada por um alto responsável do Estado-maior russo, que disse ainda que os soldados da Rússia controlam "grande parte" da capital da Ossétia do Sul.
De acordo com um porta-voz do governo rebelde, os confrontos hoje de madrugada em Tskhinvali fizeram 20 mortos e 150 feridos.
Tskhinvali "está totalmente destruída, os habitantes refugiam-se nas caves", afirmou o governo rebelde no seu sítio da Internet, adiantando que "faltam produtos alimentares de primeira necessidade. Não há gás, nem electricidade".
A Geórgia lançou uma ofensiva militar sexta-feira de madrugada na Ossétia do Sul, república separatista pró-russa, seguindo-se uma reacção russa.