O homem conhecido por "Rei Ghob" é acusado de quatro crimes de homicídio, outros quatro de ocultação de cadáver, um de falsificação de documentos e outro de detenção de arma proibida, refere a acusação divulgada hoje pelo Ministério Público.
Na acusação resumida, disponibilizada no site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, o MP revela que o arguido Francisco Leitão é acusado de quatro crimes de homicídio (três deles qualificados), outros quatro de ocultação de cadáver, um de falsificação de documentos e outro de detenção de arma proibida.
Segundo o MP, foi encerrada a fase de inquérito, cuja investigação foi desenvolvida no último ano pela Polícia Judiciária.
Após deduzida acusação, o alegado homicida vai manter-se em prisão preventiva a aguardar julgamento.
Os crimes deverão dizer respeito a duas raparigas, de 16 e 27 anos, e a um rapaz, de 22 anos, que estão desaparecidos, respetivamente, desde março de 2010 e junho de 2008, que levaram a Polícia Judiciária a suspeitar há um ano de um triplo homicídio.
A quarta morte é alegadamente de um idoso, conhecido por "Pisa Lagartos", dado como morto em 1995 após o arquivamento de um inquérito por alegado homicídio, no qual Francisco Leitão chegou a ser ouvido.
Se não fosse conhecida a acusação até sexta-feira, o sucateiro da Carqueja (Lourinhã), como o arguido é também conhecido, seria posto em liberdade, por expirar o prazo máximo em que pode estar preso preventivamente sem acusação, de acordo com o Código do Processo Penal.
Onde estão os corpos?
Após uma investigação que durava há mais de um ano, o "Rei Ghob" foi detido a 20 de julho de 2010 por suspeitas de homicídio de duas raparigas e um rapaz, entre os 16 e os 27 anos.
Dois dias depois, foi-lhe decretada a prisão preventiva pelo juiz de instrução criminal do Tribunal de Torres Vedras, António Luciano de Carvalho, aquando do primeiro interrogatório, em que não confessou a autoria dos crimes.
Em janeiro deste ano, o juiz veio a prolongar a prisão preventiva do arguido por mais seis meses e a atribuir especial complexidade ao processo, a pedido da PJ que, ao fim de seis meses de o ter detido, não tinha descoberto os cadáveres e precisou de ganhar tempo na investigação.
Francisco Leitão passou a ser investigado pela PJ a partir de março de 2010, após o desaparecimento de Joana Correia, uma jovem de 16 anos de Torres Vedras, a sua última vítima, que alegadamente terá matado por questões passionais, porque era namorada de um jovem com quem o alegado homossexual queria ter um caso amoroso.
A pista levou a PJ a associá-lo ao desaparecimento no concelho onde reside de um casal de namorados, de 22 e 27 anos, que o alegado homicida também conhecia.
O arguido publicava vídeos na Internet em que anunciava o fim do mundo e se auto-intitulava "Rei Ghob".