Os responsáveis do site Petição Pública admitiram hoje que o sistema de recolha de assinaturas online não é 100 % fiável, mas sublinham que os casos de fraude se ficarão pelos 0,5%. À Lusa, destacam o "cariz social" da iniciativa, "que pretende dar voz a quem normalmente não tem espaço nos jornais para se fazer ouvir ou para divulgar as suas causas".
"Em cerca de três milhões de assinaturas que já foram recolhidas nas mais de 4000 petições que já passaram pelo nosso site, calculamos que apenas 0,5 % das mesmas sejam de cariz fraudulento", disse à Lusa Gonçalo Poças, um dos responsáveis da página.
No sábado, o investigador da Universidade do Minho Henrique Santos disse à Lusa que as petições online "não têm qualquer fiabilidade", uma vez que qualquer pessoa pode "inventar" uma série de nomes e assim fazer crescer "exponencialmente" o número de signatários.
Email ou BI
Para os responsáveis do Petição Pública, esta é uma "opinião não fundamentada", emitida "sem ter feito a mínima pesquisa sobre as petições online e sobre os sistemas que as suportam".
Gonçalo Poças explica que quando o objetivo de uma petição é o de que o assunto seja debatido na Assembleia da República, são necessárias pelo menos 4000 assinaturas e os signatários têm "obrigatoriamente" de introduzir o número do respetivo bilhete de identidade.
"Cabe às instituições legislativas verificar a validade das assinaturas de qualquer petição, sejam elas captadas online ou offline. Mas qualquer uma das principais petições do site Petição Pública teria de sofrer de um índice de fraudulência superior a 90% para ser inviabilizada, porque normalmente o número de assinaturas ultrapassa largamente o limite mínimo legal", referem os responsáveis do site.
Já nos casos em que o objetivo das petições é apenas alertar para causas sociais ou chamar a atenção para um qualquer problema, aos signatários só se pede o nome e o email. O signatário recebe no email um link para confirmar a assinatura e, quando o faz, a assinatura passa a ser validada.
"Aqui sim, pode haver fraude, mas calculamos que o número de casos seja ínfimo, verdadeiramente insignificante", disse Gonçalo Poças, admitindo que uma pessoa pode assinar tantas vezes uma petição quantas o número de endereços eletrónicos que possui.
Explicou ainda que o autor da petição tem acesso privado à mesma e pode retirar os peticionários não validados.